domingo, 9 de janeiro de 2011

A iniciação # 1



Junho 2010. intrigante esplendor.


Decidido a palmilhar terreno baldio, agarrei na máquina fotográfica com intuito de fotografar libélulas. Não haja dúvidas; as libélulas são modelos exemplares. Muito bonitas e bastantes colaborantes, permanecem imóveis pousadas ao sol durante vários minutos, o que favorece a composição de macro fotografia. Sem que nada o fizesse prever, naquele dia houve greve. Sem pré-aviso, as libélulas evaporaram-se e nem uma apareceu para a sessão fotográfica. Resignado, sentei-me numa pedra para descansar da recente frustração, quando nisto um silvo despertou a minha curiosidade.


Aos pulos surgiu uma ave negra. Assim há primeira vista parecia um melro ou talvez um estorninho. Estava enganado. A ave vestia de preto mas vários pormenores invulgares faziam toda a diferença. Entre eles; um pequeno tufo de penas junto da base do bico, duas listas brancas nas asas, os olhos de um amarelo muito vivo e as patas também amareladas conferiam-lhe um ar bastante exótico. Tentei fotografar aquele estranho espécime e a objectiva esforçou-se ao máximo para trazer a ave para perto de mim. No instante que estava prestes a disparar, surgiu outro exemplar da mesma espécie. O presumível casal permaneceu a debicar o solo durante escassos instantes para depois voarem alvoraçados como se estivessem atrasados para o almoço. Ainda tirei três fotografias com a objectiva de macro, como seria de prever, o resultado não foi lá muito famoso. Quando cheguei a casa decidi investigar na internet, e após alguma pesquisa encontrei um fórum sobre aves. Não perdi tempo. Inscrevi-me, coloquei on-line uma das fotos que tinha tirado ao pássaro e solicitei ajuda na sua identificação. Passado pouco tempo obtive resposta, tratava-se de uma ave de origem asiática, presumivelmente introduzida, mas actualmente com colónias no território nacional, seu nome: Mainá-de-Crista (Acridotheres cristatellus). 


Como um vício que cresce, assim foi a minha necessidade em apurar o engenho e a sabedoria em torno dos pássaros. De tantas fotos que vi nesse fórum, apanhei-lhe o gosto e quase me desgracei (no bom sentido). Investi algum dinheiro numa teleobjectiva, mais um tripé e um camuflado, depois só me apeteceu fugir para o campo. Tive que me conter.

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