sexta-feira, 28 de junho de 2019

Corrida Solidária em Mira


No passado dia 22 de junho participei na Corrida Altice Solidária em Mira. Uma iniciativa organizada com intuito de fazer face às catástrofes naturais que assolaram a região, nomeadamente o furacão Leslie em 2018 e os (incompreensíveis) incêndios de 2017. Foram perto de duas mil pessoas que se juntaram a esta iniciativa. Durante a corrida, a população espreitava curiosa, enquanto os atletas davam o seu melhor pelos trilhos que contornavam a lagoa. Quem por ali correu ou caminhou foi muito bem recebido com palavras de incentivo e gestos de apoio das gentes de Mira.
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Assim se faz a vida, correr em torno de um ideal ou objectivo, contornando obstáculos e redobrando o fôlego. Caminhei cinco quilómetros em uma hora e dois minutos, também motivado pelos andarilhos mais experientes que em jeito marcha aceleraram em passada rápida. Foi uma iniciativa extarodinária e muito bem organizada, que me fez querer continuar participar outros desafios


Quando cheguei perto da lagoa tive que parar para observar tamanha beleza natural que agora traduzo em tons cinza.














E no final ainda tive direito a partilhar este momento com a grande Rosa Mota.


Eis a ajuda solidária que chegou aos alunos de Mira.





sexta-feira, 21 de junho de 2019

Vilar Perdizes e outras latitudes


E daqui do alto promontório Lusitano, avisto as Terras do Barroso, onde todos os pretextos para degustação dos prazeres da alma justificam a estadia.
Como se entrasse num portal multidimensional, a paisagem irrompe entre planaltos verdejantes e o silêncio do granito pintalgado por algum casario centenário. Ando por aqui na companhia de amigos, com o intuito remoto de fotografar algumas espécies que se escondem entre o acaso e a sorte. Como tal, fiz uma breve visita a mística aldeia Vilar de Perdizes, uma vila bem conservada e que soube aproveitar as oportunidades que a dualidade entre o divino e o profano lhe proporcionou. Por aqui, ficámos alojados na Casa da Laborada onde fomos muito bem recebidos, num misto de simpatia e hospitalidade que desde logo nos fez sentir de coração cheio. A casa do século XVIII encontra-se muito bem conservada de onde sobressai a sobriedade do requinte e bom gosto, suportado pelo traço da madeira, enriquecido pela pedra. Um dos aspectos que mais admirei foi a nascente de água cristalina que entre paredes nos transporta para os ecos da natureza. Foi fácil adormecer e acordar por estas terras de gente afável e generosa.
Depois de um apetitoso pequeno-almoço, percorremos trilhos e veredas e convivemos com os seus dignos representantes em paisagens que perduram na memória dos olhos e o que a luz faz deles.

Da nossa visita ao planalto da Mourela aqui ficam alguns instantes consentidos pelos céus.








Quanto à avifauna, umas das espécies que trazia na ideia era o picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio). O bicho não foi muito colaborativo, muito embora surgissem várias vezes no alto cimeiro dos ramos, contudo nem sempre com a melhor luz ou posição (e alguma falta de engenho meu). Porém, valeu a pena observar a sua calma distante, tão teimoso quanto selvagem, o que nos leva pensar que nem tudo é simples ou garantido nestas coisas de sorte e momento. 







Observámos outra espécie emblemática por estas terras: a escrevedeira-amarela (Emberiza citrinela) com os seus tons de amarelo quente, e por breves momentos brindou-nos com um ar da sua graça solar.


O Bútio-comum  (Buteo buteo) ainda nos fez pensar se não seria outra ave de rapina, mas infelizmente não se confirmou as nossas esperanças.


O tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) surgiu a voar baixinho, dando apenas hipótese para um registo de fim de tarde.



A petinha-dos-campos (Anthus campestres) estava muita atenta à nossa aproximação.


Em Tourém avistamos a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestres) com os seus voos rápidos e imprevisíveis.




Ainda registámos a curiosidade dos sardões (Lacerta lepida) que saíam dos buracos para ver quem passava, entrando logo depois, como eu os compreendo.


Entre joaninhas, borboletas e gafanhotos, eis alguns insectos que animavam o micro cosmos floral.




A borboleta-nocturna Eurrhypis pollinalis compunha o espaço vazio até chegar ao dente-de-leão





A dada altura da nossa caminhada, surgiu um estranho zumbido, tememos que tivéssemos importunado um bicho "perigoso", todavia tratava-se do belo gafanhoto Arcyptera tornosi. 




Também me retive nos pormenores da flora arbustiva que irrompia da aridez do solo em tons vivos e desconcertantes.





Foram dois dias que voaram pela simplicidade dos sorrisos. Fica a recordação de um passeio extraordinário com biodiverdidade e paisagens singulares. Voltar quem sabe um dia... Aqui fica uma palavra de agradecimento e amizade para :

Arinto
Família Frade
Casa da Laborada





M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...