domingo, 30 de maio de 2010
Maças da Índia
eras ainda,
nas mãos um punhado de maças da índia
boca de seixo na orla do silêncio
olhos de horizonte que faziam sorrir os descontes
foste depois
dizendo a todos e mais alguns, que tinhas a cura
para as dores e desventuras que sulcavam o eixo das mágoas
para as horas que corriam ao contrário das horas
e para as insónias pele de cobra
contudo, ninguém te ligou nenhuma,
posto isto, não estiveste de meias medidas,
esmagaste com as mãos as pequenas maças da índia
com a mesma força do fruto ao parir dias desiguais
enquanto trincavas a raiva quase desnorte
mordendo o lábio superior esquerdo até que, deu no que deu,
sumo liquefeito em grainhas e sangue agridoce pelos lábios abertos à falta
a escorrer
um fio ensanguentado de silêncio num serpentear lento
pelo teu vestidinho de vinco aprumado e depois
no tua completa indumentária de branco de tão branco que era
como esta página que desconhece o teu baptismo
tudo se tornou gradualmente vermelho numa mancha de dor crescente
só assim todos repararam e vieram em teu socorro (sim todos sem excepção!)
(de boca aberta e queixo a roçar os joelhos) todos eles com a cabeça na mão
perguntaram ante tal estupefacção:
a menina?... esta agora! a menina passou-se! não mexa nisso! mas que parvoíce vem a ser esta?
e tu respondeste:
só reparam no que destoa da estúpida normalidade (aparente)
quando aprendemos a gritar com as mãos.
sábado, 22 de maio de 2010
Café Poema - Poema colectivo - Sensualidade(s) -
Assim foi, no passado dia 07-05-2010,
palavras ditas em alma-calda de um corpo só.
aqui fica o nosso poema-colectivo .
obrigado a todos pela vossa participação.
sem mais delongas....
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renovado cupido ramos de fogo agora lança
sensualidade vejo-te nua no luar da minha duna
os meus sentidos fazem mais sentido se por ti sentidos
gosto do teu senso por não ser comum
amadurecer contigo na Primavera chuvosa
se amasse de dia a noite seria como eu queria
descobri-te numa noite de luar,
a tua boca na minha boca onde um novo corpo fala
assim até parece que te toco sem te tocar
a tua beleza deixa-me sem respirar
a alma física do ser luminoso que ama,
e nas curvas da noite sensualidade anónima
ignorância da inocência do senso
no corpo de luz escorre o fado do desencontro
logo, dois e dois, somos mudos de amor
sensual sou eu ao olhar-me ao espelho
deleita-te em minha alcova, contorce-te de prazer no vazio de meus lençóis, que sou eu
sensualidade é perder-me na profundidade dos teus olhos,
sentir o cheiro da tua pele e sentir o toque das tuas mãos no meu corpo.
e saber que é apenas o início.
um dia fora dos dias teus, o meu corpo morde a alma do desejo,
fruto de uma noite dentro de uma noite nossa.
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Assinado. Os Poetas de um Café-Poema-Comum, dito sensual.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Sete vidas
No teu colo tentei dizer que não
uma duas vezes e outros tantos cios
é certo que não houve culpa apenas instinto
a salmoura que invadia as veias estéreis
talvez fosse culpada da fuga-felino-ferido
por obrigar-me a regurgitar astros de fogo
num espasmo que forrava o estômago de vidro
e me trazia ao arrepio num cursar pleno de naufrágio
Não voltei a casa
nunca entrei por aquele buraco que mandaste fazer na porta
com as medidas exactas do meu corpo ainda jovem-cruz
nem me aproximei da janela do teu quarto onde
penduravas rubras camisas de noite com o teu cheiro
e bocados de pele de outros sonhos
muito menos deixei-me levar na tentação
do comedouro que deixavas imaculadamente apetitoso
na tua cama rebate da minha porta
Lá fui eu
lado lado com a noite e com a chuva de silêncios
de pêlo assanhado e de manias escorregadias
dei meia volta e desci a rua
até que a rua deixou de existir
sem norte ou fado chamamento
como todo o animal que se preze
em não ter dono
para morrer
fugir para nascer,
outra vez sozinho.
Depois houve
aqueles telhados, beirais e caixotes do lixo
que me obrigavam dizer que sim
três
quatro
até sete vezes vidas
mas não me convenciam
Entre nós bem tentamos destruir as coisas
inverter sentidos do casualmente correcto
ainda bem que não conseguimos
e não foi por causa disso
que agora me apanham num colo qualquer
assim, sem mais nem menos, virado do avesso.
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