terça-feira, 31 de maio de 2011

Poema Colectivo - A Lua -

Meus caros Amigos.


Este é o vosso poema colectivo escrito numa mesa de café ao mesmo tempo que o luar brindava às coisas de cá de baixo.
Desde já agradeço a colaboração e empenho de todos aqueles que fizeram acontecer esta tertúlia saudavelmente lunática.


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Eu queria ter uns sapatos com asas nos saltos para subir ao céu, não para lá ficar, antes para pedir ao céu que tem tantas estrelas, entre as quais a mais bonita, para oferecer à minha Mãe.

Nasce a noite, entre o breve sussurrar da lua ocupando a paisagem, no refúgio de um beijo.

Solto as palavras na tua face nua, são lágrimas adormecidas, enquanto o luar respira entre a vigília dos sonhos.

Quando és lua sorrateira e matreira brilhas e iluminas os amados, singela e solitária, a tristeza alheia envolves.

Oh Lua... minha feiticeira iluminas tudo e todos que estão à nossa beira.

Olhos postos no céu, sempre uma luz crua, vejo-te em toda a parte, tenho-te... na Lua!

Lua onde páras? quero dormir com o teu afago.

Não houve em tempos uma raposa que caiu a um poço à procura de um queijo, era a lua reflectida.

Por acaso até achei bem até ter aparecido a lua.

Olá lua, pareces uma bola de futebol, fazes-me lembrar o jogo que perdi...

Oh Luar da meia noite, alumia cá por baixo, eu perdi o meu amor às escuras e não o acho.

No eixo do teu colo embalo as noites que migram em pó de prata numa máscara de timidez e outros dias.

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Escrito a 27 de Maio, pelos Amigos Poetas deste Café Poema.

Saúde!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

The National ao vivo e a cores no Campo Pequeno

Eu estive lá.
mas por instantes fracionados numa dimensão paralela
habitei outro lugar e não me apetecia nada voltar
nem a teoria das cordas ou dos multiversos me valeram
de resto, fechar os olhos nem sempre foi um bom refugio.



 

Nunca uma sala foi tão pequena para se ouvir a calda ébria de uma voz sem dono

de copo na mão o espírito do vinho ecoou na ronquidão da alma
numa canção que repetia o refrão "eu tenho medo de toda a gente"
depois de se escreverem canções de raiva e amor (vai dar tudo ao mesmo)
uma hora não chegou para beber uma lágrima de ressaca
pior foi regressar mas sempre foi assim.


 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Café Poema 27-05-2011 - a Lua



Meus Amigos,

Desde já estão convidados a assistir e a participar em mais um Café Poema.
É já no próximo dia 27 de Maio, pelas 22:00, no Cappuccino's Coffee Shoop e desta vez sobre o signo da Lua.

Apareçam e participem, tragam um livro, um poema amigo numa lua sempre crescente.

Onde os signos das PALAVRAS mágicas
ganham a pele de outros LIVROS
e de outras faces numa órbita LUNAR,
ciclo infinito de relógio astral
em voz única 
enquanto dizias POEMA.

terça-feira, 17 de maio de 2011

o outro lado da lua e as suas mulheres



São 23:38 daquela noite onde a noite não chegava
a luz teimava em não desaparecer
por detrás do vidro ela avistava o esplendor do céu azul
segredando juras de amor e espanto
apoiada na chaise longue romana de um vermelho antigo.
 
Deu meia volta e começou a andar em círculos numa fúria quase descontrolada,
descalçou-se como qualquer mulher que cumpre uma promessa de espera,
e despiu o roupão negro ficando apenas com a camisa de noite sobre o corpo
a única peça que separava o dia da pele das horas longas,
por sinal, uma camisa branca de alças discretas e rendilhado floral,
não seria necessário muita imaginação para dizer que tecido era quase transparente.

Ela aguardava a chegada da lua e das outras porcelanas estrelares
contemplava o céu luminoso ansiando pelo escuro e a beleza das sombras,
contudo à meia-noite ainda não havia breu que se anunciasse
mas por certo existiriam outros perfumes prestes a descobrir.

01:19, afastou as cortinas, puxou os estores para cima e abriu a janela,
inspirou o ar e deixou o vento entrar pela boca que julgava fechada para sempre
depois, libertou-se da camisa que caiu no chão como um espectro iluminado
e numa pose fatal fingiu ser atingida no coração por um arqueiro invisível.

Tombou na chaise longue em plácida nudez muda
assim permaneceu deitada, baloiçando o braço como um leme num corpo prestes a estalar, enquanto isso rezava para que a noite viesse e a levasse num roubo rápido,
mas se isso não acontecesse, ao menos que fosse admirada pelo voyeurismo urbano
numa noite onde afinal não havia noite coisa nenhuma.

02:38, o céu azul ficou carregado de nuvens cinzentas

tornando-se pesado ante a ameaça de chuva
por certo os vizinhos estranhariam o facto de não haver noite
por certo viriam à janela espreitar tal fenómeno nunca dantes visto
veio a trovoada, seguida por uma borrasca intensa,

o que dissuadiu qualquer mirone de tal intenção.

Ah como ela queria ser admirada na sua nudez romana!
por isso não teve outro remédio senão entregar o seu corpo aos aguaceiros
num banho salpicado de pequenas gotas forasteiras
e permaneceu estendida,
qual oferenda aos deuses que se esqueceram de fazer noite naquele dia.

São 03:28, ela está completamente encharcada pela chuva que não parava um bocadinho
contudo sem sinais da noite fina, apenas ameaços nebulosos cobriam o céu e nada mais que isso.
Foi então que num cio crepuscular rendeu-se ao desespero desfazendo-se em volúpia,
as mãos entraram e saíram por todos os vértices e enseadas que perfaziam as curvas do tronco sensual
num gemido quase indecifrável da linha temporal e finita.

04:08, exausta mas satisfeita,
voltou a cabeça na direcção de um ponto negro que se assomava do céu
quando um flash e outro e mais outro irromperam num metralhar contínuo
seguindo-se um encadear de holofote solar numa intensidade cega
ela sorriu, quando ouviu os aplausos dos homens em frente ao cenário plástico
a cena nocturna em película de oito milímetros estava concluída.



Não era preciso tanto

Não era preciso tanto sofrimento, tamanha dor ou insondável medo, para acreditar em Deus, e nos seus caminhos indecifráveis. veredas inscrit...