sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

do meu país


aos tombos e desnorteado assim vai Portugal

espantalho louco que rompe o colete de forças

e esburga-se com mestria num palco enlameado

de um  hospício transformado em tribunal de bordel.


escandaleira ministerial com dinheiro escondido em gabinete

primeiro ministro demissionário em vudu com o presidente,

trabalho escravo no Alentejo aos olhos de fascismo crescente

temo que a franja desta loucura seja o pão que me engorda.



Resoluções



tento não ser nada, 

enrolado numa manta alentejana,

no conforto que se segue a uma vertigem,

espero ser engolido pelo silêncio dourado.


à minha frente o animal doméstico 

esgravata as paredes húmidas

sem que ninguém o alimente 

a televisão é ignorada por guerras vítreas .


imóvel, na esperança que os males

descamem ao sol deste aguçado espinheiro 

espreguiço o dia a dia em retalhos de pele seca,

cada erro maior que outro... Que belo amanhã!


arde, arde pauzinho de incenso, leva-me contigo!


M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...