segunda-feira, 30 de julho de 2018

O vagaroso eclipse Lunar




Outro eclipse como este só em 2100 e nessa altura, por certo, o teletransporte molecular entre a terra, e outros planetas fará parte dos nossos dias de tédio. Enquanto esse futuro não chega, andava eu do quarto para a sala, com o tripé às costas, numa azáfama lunar a tentar despachar-me, sem deixar escapar a marcha dos planetas. Ainda para mais, este alinhamento planetário contou com a particularidade de Marte juntar-se à festa exibindo-se de forma generosa. Para mim, foram instantes rápidos, onde importunei os meus pais que assistiam calmamente à telenovela, enquanto eu passava à sua frente, tipo vulto corcunda de três andares, com objectivas e máquinas, preparado para montar o arsenal na janela maior da casa. Este eclipse, de tão vagaroso, iria durar  uma hora e quarenta e cinco minutos, contudo eu não tinha esse vagar todo para despender. Bem tentei o equilíbrio de tarefas entre o jantar, banho, mochila e viagens mas não foi fácil. Com ou sem eclipse, com ou sem lua de sangue, tinha que ir trabalhar e o ponteiro não desmentia o peso do tempo e das suas prioridades. Tirei 4 fotografias, mas o mais importante foi ver sorrir estas órbitas maiores cá desta terra.









domingo, 15 de julho de 2018

Sexta-feira 13 com os Queens Of The Stone Age, The National e tanta sorte




Talvez por isso... não seja capaz de passar um dia sem música. Ainda agora, enquanto escrevo, dos auscultadores emana uma melodia calma, uma companhia musical que me segreda ao ouvido estas palavras e outras intenções. Talvez por isso... A música seja para mim um alimento emotivo sem o qual não consigo tolerar a sagração dos dias. Creio que... pela música não haja bandeiras, fronteiras, ou divisões e quando tentam compartimentar o que é indivisível, ela musicalmente prova que é um corpo só. A pulsão que nos faz ir, que nos completa e satisfaz, ao mesmo tempo que clama por mais. Dançante e inebriante, Um chamamento tantas vezes incoerente, dissonante mas também melódico, harmónico, pessoal e transmissível. Acredito na melodia dos astros e das estrelas, a pauta dos átomos e das células, o orquestral ribombar do universo. Talvez por isso... Sejamos todos (uns mais do que outros) musicais, afinados ou desafinados, tanto faz, tentando sobreviver a estes dias com uma melodia o mais agradável possível. 

Da música vem um paladar, um sabor especial que se discute e se materializa no dia do concerto, na hora da actuação - a verdade bem à frente dos olhos. Vibrámos e pulamos com a coração a saltar pela boca e o sangue a correr pelos membros que desconcertados tentam se soltar do corpo, fazendo dançar a alma. Talvez por isso, preciso deste remédio para tolerar tudo o resto e como eu...

Por estes dias, habitantes de uma improvável torre de babel espraiavam-se pelo  passeio marítimo de Algés para assistir ao Nós Alive ´18. Gente de todos os "cantos" do mundo reunidos pela musicalidade dos afectos, na busca daquela preciosidade emotiva que tanta falta lhe faz. Musica-me por favor!

Ah e como queria muito assistir a um concerto dos Queens Of The Stone Age!!!!....  por isso comprei o bilhete para a sexta-feira 13, uma supersticiosa conspiração de sorte e momento. 

Quando cheguei ao recinto percorri os cantinhos em busca de novidades. Gostei muito do saudoso coreto, calcorreei a calçada portuguesa com edifícios lusitanos, espreitei os vários palcos, encontrei de tudo um pouco, desde o punk ao fado, numa combinação e romaria perfeita. Disse olá e recebi saudações em vários idiomas e sorrisos e por ali andei até os pés me doerem. O primeiro concerto que assisti foi o dos Black Rebel Motorcycle Club do qual apreciei a onda "noisy" e psicadélica (Whatever Happened to My Rock and Roll)




Estava à frente do palco quando começou o concerto dos The National (quase tugas com15 concertos por cá) - e que concerto. Estes nossos amigos foram do silêncio à impulsão sónica de uma forma maleável, sabendo dosear as emoções. Tocaram no coração da audiência (About Today e Terrible Love) como fossem  a própria audiência, misturam-se no exorcismo colectivo (Bloodbuzz Ohio), falaram do medo, da perda, da insondável falta das coisas boas desta vida de uma forma simples e poética.



Depois vieram os Queens Of The Stone Age e com eles um tremor de terra sonoro, uma descarga de energia suficiente para esquecer, por momentos, qualquer dor ou tormenta e para nos renovar de energia e de mundo sonoro. A música apresentada por estes senhores do rock não é simples, nem pode ser. Por vezes, a formula apresentada é rude, agressiva mas também sexy e cheia de experiências bem sucedidas e incursões dançantes (If I Had a Tail) por outros paralelos (Make It Wit Chu). A música é assim, e por isso nos faz bem (até aos calos). Foi uma hora e meia repleta de agulhas sonoras (A Song for the Dead e My God Is the Sun) espetadas nas orelhas numa onda de prazer e abandono. Metáforas (sofríveis) à parte - Foi um concerto muito bom. Tanto mais, foi por eles que decidi desafiar uma sexta-feira 13 e sair de casa, passar por debaixo de uma escada e cruzar-me com um adorável gato preto. 




segunda-feira, 2 de julho de 2018

4 Estações sobre Monsanto - O Sobreiro




Uma árvore imponente casa de muitas casas. Para além do valor da cortiça, enquanto matéria-prima de excelência, o sobreiro (Quercus suber L.) serve de abrigo a diversos tipos de seres vivos; desde aves, insectos, líquenes e musgos. Com aproximadamente 70 anos este nobre sobreiro do Parque Florestal de Monsanto exibe a sua rica e robusta casca que nunca foi alvo de descortiçamento e por ali já muitos céus viu passar.

Os mil e um fins da cortiça: 

Desde naves espaciais como Apolo 11, passando por efeitos especiais no cinema (simular explosões e rochas vulcânicas), ou na medicina, onde o contacto da rolha de cortiça com o espírito do vinho possibilita a criação de compostos anticancerígenos e antioxidantes. E por que não falar da industria têxtil, arquitectura e revestimento?  De tudo um pouco a cortiça serve para fazer bem! Preservemos!


M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...