Tu és hoje,
esta é a tua casa de fogo,
onde amarinhaste pelo papel de parede,
moveis e cortinas à espera que de um amanhã diferente,
mas amanhã não te posso garantir que haja noite.
Como sabes…
amanhã não tem volume, por isso não lhe podes tocar;
nada é mais vago que uma suposição,
sonho sem aresta ou paraíso sem vértice onde possas subir.
O teu nome é Hoje.
não tens outro remédio, senão correr pelas nuvens de linho,
aproveitar as auto-estradas que saem das tuas mãos
e redopiar pelos jardins de livros, abraçando árvores criança.
Só o calcário das palavras de Hoje te interessa.
ontem e amanhã são apenas fósforos sem cabeça.
sabes lá se amanhã terás voz, escamas, pele, lâminas;
ou se serás outro nome com que te possas entreter.