sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Abibe (Vanellus vanellus)

Da terra seca abre-se uma boca de caleidoscópio,
da qual nascem cores indecifráveis das órbitas humanas.
a pele deste inferno, despido de fala, é tão seca que dos poros de argila
evaporam-se palavras nas linhas da mão.
por mais que escaves com a enxada que te serve de corpo
a manta morta remexida da memória não é regada há muito tempo;
não chove faz três meses e a terra lamenta a falta de lágrima nos lábios em ferrugem
mas continuam a surgir arco-íris voadores das pálpebras dos dias frios,
que poisam na ponta dos dedos dos fazedores de chuva
e de outras mulheres de sina bela.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Projecto Quatro Estações sobre Monsanto - Pica-pau-malhado-grande


Esta semana o Projecto Quatro Estações Sobre Monsanto apresenta o percurso de um Pica-pau-malhado-grande para beber água.
Quando o sol espreitou por entre as árvores, lá veio ele; primeiro escolheu um poiso, depois certificou-se que a costa estava livre, por fim, desceu até à pequena linha de água fresca para matar a sede.








quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Histórias de paciência, empenho e paixão que estão por detrás das imagens da vida selvagem


O alimento da alma


(entraste em contagem decrescente 9-8-7-6-5)
Há dias assim: em que a alma não te serve de alimento
nem as cápsulas de ansiolíticos, nem os centros comerciais,
nem os ipad ou a tecnologia na ponta dos dedos.
Há dias assim: nada te serve de consolo
e vais alimentando a bomba relógio na iminente explosão consumista.

Foi nesse preciso momento que perto da porta do centro comercial
um presumível surdo-mudo pediu-te por gestos que assinasses uma petição qualquer;
tu assinaste
ele estendeu-te a mão
tu deste uma moeda
ele olhou para a moeda de 2 euros e riu-se,
devolvendo-te a simpatia com um sorriso e a moeda também,
depois apontou para o papel que servia de petição onde as doações eram no mínimo de 20 euros

Sem palavras que quantificassem o espanto,
(em contagem decrescente 4-3-2-1)
fugiste para o cinema, entraste no filme mais concorrido que estava em exibição,
ligaste o mp3 do telemóvel e colocaste os auscultadores,
aumentaste o volume e rezaste para que te explodissem os ouvidos com uma realidade qualquer;
ainda bem que o filme era preto e branco, mudo, senão o fim-de-semana seria maior.
(outra vez em contagem crescente...)

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Café Poema 03-02-2012 - Poema colectivo - o fim de uma carta de Amor


Meus amigos foi agradável o refugio que fizemos do frio.

Neste Café Poema sobre as Cartas de Amor e outros dias muito se falou. Quando o desafio foi lançado: se tivesem que escrever uma Carta de Amor que tratasse de uma despedida ( momentânea ou definitiva, um até já ou até sempre) como fariam?
Como acabariam essa carta?
Cada Poeta da Casa assim  escreveu numa bocadinho de papel dos antigos...

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Uma carta com letras pequeninas! Com muitas entrelinhas? Não. Estamos por aí, perto de ti... sempre.
Finalmente foste, Uipi!!!!!!
Nunca é tarde para ser amanhã feliz
Yah, finalmente sem ti! se bem...
Meu amor de todos os dias em que as horas não têm morada
Espero que fiques bem até ao regresso das estações frias
Sai da minha frente!
E ansiosa aguardo por notícias tuas, com muita saudade!
Porra porque me deixaste!
Adeus meu amor. Parto para esta viagem mas deixo o meu coração contigo!
Tomara eu ser poeta e dizer-te palavras assim.
Infelizmente deixo-te aqui...
Vai! Sê feliz! Fiquemos com as nossas cumplicidades trancadas e preservadas no nosso coração.
Para toda a etermidade. Não morrerão e farão sempre sorrir o meu olhar.
Gostei muito deste bocadinho, especialmente por ser curto!
Foi bom até agora!
... agora a verdade... já não me dizias nada!
Querem que me despeça, que te faça desaparecer, mas o meu coração deseja te ver,
que o teu coração derreta o meu ser.
Bolas! Já perdi o comboio das 23:30!
Se voltasse ao começo, gostava de ti outra vez!
Adeus Celinha, vou partir.
O meu mundo, meu amor, tem a beleza de um sonho construído.
Adeus meu amor, esperei por ti apaixonadamente, no jardim da eternidade.
A luz apagou-se, mas o amor ficou.
Para finalizar tenho uma dúvida!
Como despedir-me de ti, se permaneces dentro do meu coração.
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O meu obrigado pela vossa calorosa presença.
Abraços!


Não era preciso tanto

Não era preciso tanto sofrimento, tamanha dor ou insondável medo, para acreditar em Deus, e nos seus caminhos indecifráveis. veredas inscrit...