quinta-feira, 25 de julho de 2013

Erva-abelha


Quis filmar um poema vegetal. Algo que não fosse possível ver à vista desarmada.
Quis retardar o tempo. A dança de uma orquídea perante o evoluir da luz foi o desafio.
Durante 12 dias tirei um fotograma por cada hora filmagens, o resultado foi um time-lapse da orquídea Ophrys apifera.

Este filme contou com o apoio da Divisão de Gestão e Manutenção do Parque Florestal de Monsanto da Câmara Municipal de Lisboa.



Também disponivel no Meo Kanal

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A lição do Esquilo-vermelho




Entre o sol e a sombra optei pela última hipótese. Estavam 33º quando visitei um jardim em Lisboa. Sentei-me entre duas árvores quando reparei numa pequena torneira que à minha frente deixava cair umas gotas, perfazendo no chão uma pequena poça de água. 10 minutos depois alguns passeriformes vieram refrescar-se, poisando em cima da torneira para depois atirarem-se cheios de fé para a poça. Achei curioso as aves não me ligarem nenhuma e não se importarem com a minha presença a escassos 3 metros. Contudo, sem motivo aparente, consoante apareceram assim fugiram num grande alarido. Olhei à minha volta e não vi nada que justificasse uma fuga tão aparatosa. Foi nesse instante que este pequeno esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) apoderou-se da poça e não esteve de meias medidas, foi directamente à torneira. Felizmente tinha a máquina comigo e registei o momento. Uns dias mais tarde voltei ao local, à mesma hora, com um fato camuflado, um banquinho, tripé, flash e outras gerigonças. Equipado da cabeça aos pés, estava decidido a fotografar a biodiversidade em torno da poça de água. Instalei-me a contemplar a torneira. Esperei e desesperei, porém nenhum bicho apareceu. Qual seria o motivo? Se eu estava camuflado no mais perfeito mimetismo, disfarçado por entre as árvores; e se a água fresquinha continuava a pingar? Os bichos não teriam sede? Quatro horas mais tarde, olhei para o telemóvel, a temperatura máxima era de 23º em Lisboa, desmanchei o acampamento e fui para casa a esfregar os braços.




sexta-feira, 12 de julho de 2013

4 Estações sobre Monsanto no mundo das orquídeas com a Ophrys Apifera


Também conhecida por Erva-abelha, a orquídea Ophrys Apifera ocorre em solos predominantemente alcalinos, em clareiras de matos pouco densos, e tem o seu período de floração na Primavera.


A sedução desta orquídea para com a abelha é uma fantástica estratégia reprodutiva.
Por intermédio de um mimetismo apurado e de uma "sedução" química (feromónio) a orquídea atrai os seus agentes polinizadores. Os abelhas aceitam o convite e poisam. Perfeitamente enganadas com a flor que se faz passar por insecto, as abelhas tentam "copular"... com a orquídea.


A flor reage por intermédio de pequenas anteras destacáveis denominadas polínias (local onde se encontra o pólen) agarrando-se à cabeça do insecto e assim quando o mesmo voar para outra orquídea, a fecundação cruzada será concluída.




quarta-feira, 10 de julho de 2013

Mina de São Domingos






Em flanco lunar a paisagem reclama a aridez das lagoas ácidas,
da terra vermelha irrompem crateras
de onde aparecem e desaparecem vultos rápidos
dos trabalhadores do cobre na extracção da memória.

pelos céus os andorinhões resgatam a alma dos mineiros e das famílias inglesas desaparecidas,
como é dissonante o silêncio das coisas que já não nos fazem falta;
já nem os fantasmas conseguem suster as construções abandonadas desta base
nada mais se ouve para além do pulsar em ruína,
o músculo vascular da mina já não tem suspiro para continuar.

outrora, o minério era extraído pela mão do pai e levado pelos carris até ao Pomeirão,
pela terra rude muito pão foi servido às bocas de fome e esperança
por fim, em 1966 esgotou-se o filão já com a paisagem despida de verde-amor.
hoje o filho da máquina contempla o deserto humano,
não fosse o pior mecanismo de destruição o esquecimento.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Aves de Lisboa vivem bem perto de ti

Na semana infantil do Bookpoint fui convidado para apresentar as aves de Lisboa aos meninos. E porque as crianças são a esperança e a natureza por natureza,  foi muito gratificante ver os sorrisos que voavam nas asas de cada olhar.

Não era preciso tanto

Não era preciso tanto sofrimento, tamanha dor ou insondável medo, para acreditar em Deus, e nos seus caminhos indecifráveis. veredas inscrit...