domingo, 27 de novembro de 2022

ecrã cabeça

 


O vagar e a oportunidade esmagam-me a escrita

quero decompor um poema até à seiva, porém…

falham-me os dedos por entre o carcere do tempo,

a musicalidade com que digo não já é um bom começo.

 

não me arrependo dos dias gastos com a cabeça

enfiada na luz azul dos ecrãs, são eles que sustentam

a completa invasão do fluxo binário homem-trabalho,  

este é o meu ganha-pão – não pertencer a nada.


ser um ponto remoto de mim.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

7




neste dia não me quero

apenas respiro no intervalo entre 2 gritos

um choro alegre e um riso doentio,

aniversário de goela aberta em vidro doce,


a saudade ditou que 

o meu pai fechasse os olhos

ao sétimo dia e quis o destino que 

eu nascesse no dia 7 

num outro mês qualquer.


na mais imperfeita saudade

procuro alguma coisa sem jeito ou forma,

e assim um fantasma ofereceu-me boleia

num guarda-chuva contra lagrimas intemporais.


nesta casa-tempestade erguem-se mãos vazias.

M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...