táctil é o nosso desengano solitário,
na ânsia de consumir a fuga do tempo
vertemos o mundo na unha digital,
cegos pela luz azul que nos acabrunha.
caminhamos de palas,
dentro de ecrãs sonegamos afectos,
rápidos, instantâneos, fantoches,
imitação sofrível de um resquício humano
que se agiganta num frágil tubo de ensaio.
Ah se um dia a rede cair...
quais toupeiras humanas,
à cabeçada na porta dos hospitais,
bibliotecas, museus, matrinidades,
cemitérios, esquadras, pardilheiros, bordeis.
tal não será o pãnico mastrubatório em espiral,
na esperança que um android vítreo
nos devolva da senha da rede perdida,
num célere encefálico despropósito, indesculpável.
até lá que me mordam os dedos
e me destapem o pensamento.