segunda-feira, 10 de abril de 2023

O murmúrio da baleia-corcunda e os peixes coloridos.

 



Depois de saírmos da Isla de la Plata, o barco parou para observarmos tartarugas e os peixes coloridos que se aproximavam da embarcação na expectativa de comida. Quando a máquina entrou dentro de água e começou a filmar os peixes de volta dos pedaços de pão, captou o som da baleia-corcunda, num ecoar distante  deste magnífico cetáceo, nas profundezas do oceano Pacífico. Foi assim no Equador.








domingo, 9 de abril de 2023

Aranha saltadora Evarcha jucunda

Para mim, é sempre proveitoso apanhar vento na cara depois de nos anestesiarem a boca. Na vinda do dentista decidi visitar uma ribeira em Carcavelos para espairecer e observar a chegada da primavera por estas paragens. Aproveitei para caminhar e para pensar em tudo menos em dores, seringas e doenças. Observei a ressurgimento das flores e as cores que embelezam os poucos locais que não foram ceifados como medida preventiva dos incêndios. Aqui em Carcavelos não há muito para arder mas há muita construção que dizima as poucas zonas de vegetação silvestre. Reparei nas flores primaveris e entre elas a erva-da-inveja ou as pervincas (Vinca difformis) que se distribuíam abundamente junto à sombra da ribeira. 

Agachei-me para tirar uma fotografia e algo saltou. De mais perto constatei que era uma pequena aranha saltadora. Tentei um registo com com o telemóvel mas o bicho voltou a pular e desapareceu no meio das ervas. Quando mexi o pé reparei noutra aranha saltadora mais escura que sem medo fitou-me com os seus oito olhos. Arrisquei mais uma foto que ficou uma desgraça. Levantei-me e deixei no local um pauzinho a marcar o sítio da observação. No outro dia de manhã, antes de ir trabalhar, dirigi-me ao local; já sem anestesia e com força e vontade renovadas. Com a minha máquina fotográfica e uma lente de macro estava preparado para arriscar a sorte. E lá estava o macho não muito longe do local inicial onde o tinha encontrado. O bicho estava calmo e só ergueu uma pata quando afastei suavemente uma ervinha que estava à frente do foco. Afastei-me e montei o tripé junto ao chão para depois fotografar a aranha-saltadora (Evarcha jucunda), esquecendo-me das dores que renovavam estes dias de abril. A aranha saltou para detrás das ervas-da-inveja, onde estava outra aranha escondida. O meu tempo tinha passado, entendi o sinal  e arranquei dali para fora, esquecendo por momentos, as dores monetárias e físicas de cada ida ao dentista.












 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

A sala


na tua sala repousa 

uma asa caída de todos nós,

já a janela virada a norte, 

espera que te voltes a debruçar

em busca das escamas de sol.

 

a corrente de ar matinal 

anima as fotografias insolúveis 

ao pó do tempo;

esta sala de luz forte em tijoleira vermelha,

foi o altar da mulher que ainda te ama,

ao lavar-te os pés, fizesse fé ou falta.

 

por esta dimensão...

escasseiam manhãs simples,

em que as sopas de café 

abriam o apetite

da porta da rua...

 

roda viva.





M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...