um homem cai num jardim cheio de
domingo,
ninguém repara, a felicidade
estoura balões,
as crianças riem, os pais
seguram o sol,
cicatrizando medos na pele
familiar.
o homem levanta-se com a
dignidade solitária
de quem não se importa com as
calças mictadas
ou com a fome que lhe seca a
casca do corpo,
sorri, procura a sombra entre
pinheiros.
o domingo está prestes a findar,
as crianças desaparecem com os
progenitores
engolidos nas filas de carros que falam sozinhos,
familias recolhem exaustas às
colmeias.
o homem de calças com manchas de
urina
e camisa com nódoas de sangue
ou vinho,
não deixa o domingo eclipsar-se
nem o jardim fechar,
sem antes esquecer-se de um qualquer poema;
numa noite a fazer-se de abrigo.