sábado, 29 de dezembro de 2018

Caminhada por Monsanto


E assim fomos à descoberta do pulmão da cidade Lisboa, a passear pelo Parque de Monsanto, efectuamos no total quase 8 km, sem grande esforço e com o contentamento de estar entre amigos. Principiámos a caminhada às 10:00 e terminámos às 15:00, a temperatura estava amena, e as pernas prontas para o desafio. O percurso efectuado está no mapa e foi curioso verificar a dinâmica do parque durante o fim-de-semana, com muitos caminhantes e corredores, outros a andar de bicicleta e outras ainda a passear o cão, infelizmente muitos deles à solta, não servindo de nada o aviso de que os bichos deveriam andar com trela e talvez alguns donos. Porém do modo geral, as pessoas eram educadas, e cumprimentam quem fazia como eles um percurso de manutenção ou um simples passeio, salvo raras excepções, de quem pensa que o parque é só deles, e quase atropela de bicicleta quem lhe apareça pela frente. O Parque Florestal de Monsanto apresenta um grau de limpeza aceitável, com trilhos marcados e placas informativas nem sempre no melhor estado de conservação. Creio que estejam a faltar infraestruturas de apoio, como WC e fontes, tal como a manutenção do parque infantil da pedra. Fiz esta caminhada relativamente leve, transportando dentro da mochila apenas a máquina fotográfica com uma objectiva 18-140 mm, uma garrafa de água, fruta, uma sandes e uma barrita energética e esperança no coração.



Este passeio serviu também para observar a biodiversidade e a interacção com a carga humana num fim-de-semana de sol pós natalício. Nas zonas mais húmidas vimos alguns cogumelos já em decrescente recorte e decomposição mas sempre de magnificente beleza. Nas zonas mais arborizadas e recônditas, observámos 21 espécies de aves, e ainda ouvimos um esquilo a descascar afincadamente uma pinha.
Em breve, iremos repetir estas caminhadas pelo Parque Florestal de Monsanto mas por outros locais. Antes disso, deixo aqui os momentos fotográficos possíveis e desde já aconselho este percurso, sem cãozinho ou com cãozinho pela trela, com calçado e indumentária confortável para a época do ano e binóculos. Bons passeios e um excelente ano 2019.

No reino Fungi e seus dignos representantes:








Depois, segui-se o tão saboroso quanto colorido medronho.


Na sombra a busca do sol e da água do musgo.


Lá em cima uma águia-de-asa-redonda controlava as movimentações dos caminhantes.




Agradecimentos:
Nuno
Sandra

sábado, 22 de dezembro de 2018

Uma borboleta num mundo de carvão


Urge fazer coisa diferentes. Sempre que posso, tenho necessidade de experimentar outras vertentes fotográficas e arriscar abordagens que agitem e estimulem a imaginação. Entre o registo cientifico de e a representação "artística", muitas vezes fico sem saber para que lado pender, e muitas vezes, opto pelo imediato, arrependendo-me mais tarde. Fico com aquela sensação de que podia fazer melhor ou ao menos de outra forma.

Depois da gestão de dúvidas e algum idealismo, sai de casa com a ideia (preconceito)  de criar imagens a preto e branco de uma cidade vegetal. Mais concretamente uma civilização povoada por estranhas flores, folhas assimétricas, pétalas desfocadas e caules transparentes nas suas deambulações em torno de uma estrela qualquer.
Estava ciente que seria algo não muito concreto como tal fiz uns esquissos na minha cabeça, para depois escolher as ferramentas que se adequavam a essa tarefa. Para tal utilizei duas lentes inteiramente manuais: Uma Telemegor 105 mm f5.5 e uma Lens Baby 50 mm f2.8. Para não andar carregado não levei comigo um tripé (má opção). Tanto pela qualidade óptica como pela estabilidade, a definição das fotografias não foi a melhor, mas também não seria a nitidez aquilo que se pretendia. Os trabalhos não ficaram nada de especial. Para além do efeito bublle criado pela Telemegor e das zonas desfocadas com arrastamento da Lens Baby, andava à procura da tal urbe vegetal misteriosa, contudo não encontrei nada que se assemelhasse com o imaginado, por entre várias plantas que visualmente explorei.

Já estava a arrumar as lentes e a paciência na mochila, quando poisou uma borboleta-cauda-de-andorinha numa planta a uns dois metros de mim. O dia não estaria completamente perdido. Bem vistas as coisas, o somatório da borboleta com a planta originou um momento interessante, que só por si saía fora do que inicialmente tinha projectado, contudo a conjugação dos dois elementos e o ângulo de foco escolhido tinha algo de visualmente misterioso. É verdade que não era o que andava à procura, porém seria algo que saciava por momentos a minha fome por novidade. Sem olhar às dores de costas, deitei-me na vegetação e entretive-me a registar a adoração da borboleta ao sol, numa ilha inimaginável de carvão vegetal. Deixo-vos com esses parágrafos de luz e ensaio que de certa forma salvaram-me da parvoíce deste descontentamento. Às vezes a simplicidade (quando acontece) é a melhor aspirina.







Fotos realizadas em Setembro de 2018



quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Cogumelos do Parque Florestal de Monsanto 2018


O maior organismo vivo a habitar o nosso planeta é o denominado cogumelo- do-mel (Armillaria ostoyae) com 3.8 km de comprimento que prolifera sob os solos do estado americano do Oregon. Em estudos efectuados recentemente ao genoma deste fungo, estima-se que tenha  incrivelmente 8 mil anos de idade.  Não apresentam esta generosa longevidade, nem extensão os cogumelos que surgem nos espaços verdes cidade de Lisboa, porém são de igual forma interessantes a combinação das suas cores e formas. Após as chuvadas que se fizeram sentir nos últimos dias, foi tempo de regressar ao Parque Florestal de Monsanto para registar algumas espécies do reino Fungi que por ali nos surpreendem a cada olhar.













quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Em busca da alvéola-amarela-oriental



Para evitar o trânsito caótico da A5, partimos às 06:45 para a Ponta da Erva com o intuito de registar a raridade destes primeiros dias de Dezembro. De seu nome alvéola-amarela-oriental (Motacilla tschutschensis), uma espécie nativa das longínquas latitudes da Mongólia, China e Rússia, e que estoicamente, realizou uma longa viagem para chegar até este cantinho à beira-mar ensolarado. Uma vez no local, e como tudo na vida, tivemos sorte e encontrámos a ave no meio de outras alvéolas-brancas; a voar descontraída entre talhões de terra lavrada. Aqui ficam alguns momentos:



Os saltos da alvéola-oriental









Depois ainda tivemos oportunidade de observar outros bichos que encantavam de deslumbre a paisagem Ribatejana.


Com a primeira luz do dia este esmerilhão permitiu uma aproximação razoável.





Já com avançar da manhã, o curioso chapim-de-mascarilha decidiu espreitar entre caniços para ver quem seriam aqueles que por ali passavam.





Na berma da estrada, escondido no meio da vegetação, este bútio-comum tinha acabado de caçar um lagostim vermelho do Luisiana uma autêntica praga para os arrozais.



Enquanto procurávamos a alvéola não resisti a fotografar a graciosidade do pernilongo na sua procura por alimento.



Uma raridade que não permitiu grandes aproximações, foram estes gansos-de-testa-branca que ao longe, na margem direita do canal, compunham o cenário da lezíria.



O fascínio dos bandos e a força da natureza, em contraponto com as cidades e a coexistência de diferentes dimensões.




as íbis e abstracção da cor 


Estas saídas têm mais piada quando juntamos amigos a este "passatempo" de paciência e procura, como tal, aqui deixo os meus agradecimentos ao Frade, ao Luís, ao Joel e claro ao Magnus Robb responsável pela fantástica descoberta.

Fotografias realizadas a 06 de Dezembro.

Geneta - video da libertação





Liberdade. O momento em que foi devolvida à liverdade a geneta na Serra da Arrábida.

A liberdade da geneta


Para mim, se existe uma palavra com significado maior - essa palavra é liberdade. Esta geneta foi encontrada debilitada nas proximidades de Lisboa, sendo tratada pelo Centro de Recuperação de Animais Silvestres em Monsanto, onde recuperou durante meses para depois ser devolvida à natureza onde pertence. 

Foi isso que aconteceu no passado dia 8 de Novembro na Serra da Arrábida. Por mais que o ser humano se esforce, não pudemos controlar todas as variáveis insondáveis da natureza e do destino; o preço a pagar pela liberdade, por vezes pode ser extremamente elevado. Aqui ficam os momentos felizes que devemos recordar. 




A geneta  (Genetta genetta) é um mamífero carnívoro de origem africana que ocorre de norte a sul de Portugal em zonas florestais de baixa altitude, com galerias rupícolas e cursos de água.  Dá preferência a árvores ocas onde permanece em repouso servindo a mesma como latrina. 




Na Europa até ao remoto século IX , a geneta desempenhava o papel de animal doméstico e caçador de ratos, sendo depois substituída nessas funções pelo gato.


M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...