domingo, 31 de janeiro de 2016

Tartaranhão-pálido (Circus macrourus)



Estávamos em novembro de 2015 quando soube que esta raridade estava de visita ao nosso país. Reunidos os amigos, pusemo-nos a caminho. Não foi fácil nem foi à primeira. Foram necessárias algumas viagens até às Lezírias da Ponta da erva para obter um registo. Naquele dia em que o sol não quis espreitar observámos vários tartaranhões mas nenhum era o dito pálido. Após muitos caminhos de binóculos aos céus, foi avistado o que começou por ser um pontinho na imensidão, até se tornar num tartaranhão-pálido. Aqui ficam algumas fotografias que retratam esses momentos de neblina e posterior avistamento.



















terça-feira, 26 de janeiro de 2016

BioMelides - A renovação das águas


A abertura da lagoa de Melides ao mar ocorre anualmente em Março, aproveitando assim as marés vivas desse mês, possibilitando a interacção e a renovação das diferentes massas de água.





Este procedimento realizado pelo homem contribui para nivelar a eutrofização, ou seja, o desenvolvimento excessivo de matéria orgânica (fosfatos e nitratos) na água.




Tal como diminui o assoreamento, evitando a acumulação e deposito de sedimentos nas margens e no fundo da lagoa, transportando esses materiais para o mar.




Esta manobra reveste-se de especial importância para a renovação das águas e contribui de igual forma para entrada na lagoa de pequenos alevinos de peixe, enriquecendo os diferentes ciclos da biodiversidade.

Casas esvoaçantes










antes do dia ser um bando de destroços, 
subo a rua em direcção às casas esvoaçantes;
pelo chão os melros gritam sentenças, 
perdizes atarefadas correm entre trincheiras,
narcejas saltam por entre a raiz dos pés; 
nos cardos, pintassilgos arrepiam o traço do sol, 
e em raminhos de poiso tão altaneiro quanto escondido,
piscos e rouxinóis cantam marchas em fuga.
já os mochos alertavam para a má vida dos homens solteiros
e as cegonhas para temperança das meninas casadoiras,
quando lá em cima, nas casas esvoaçantes, 
se formavam nuvens de estorninhos como sinal de mudança;
os tordos, por sua vez, rezam ao azar dos caçadores,
as corujas expiam o pecado dos andarilhos solitários
por mim...
continuarei a subir esta rua que não mais acaba,
carregando a pena das gaiolas de água.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Falco peregrinus





300 km por hora - esta é a vertigem que mais nenhum outro ser vivo consegue atingir. 
São máquinas voadoras tão raras quanto estas que nos fazem sonhar de pés nas nuvens. 



Enquanto isso, tranquilamente na Lezíria, estes dois falcões peregrinos preparavam-se para acrobacias aéreas de fazer inveja a qualquer festival aeronáutico. 



Esta espécie rupícola, nidifica em escarpas e plataformas rochosas, alimentando-se de aves, entre as quais pombos-das-rochas que caça em pleno voo.




É o maior falcão que nidifica em território português. O seu nome fica a dever-se ao comportamento migratório efectuado pelas populações da norte da Europa em "peregrinações" invernantes. 





domingo, 3 de janeiro de 2016

O tempo da lagoa




Rendo-me à tentação do não-movimento
na quietude de quem viaja por outros paralelos,
em pensamentos e colorações de hemisférios bestiais;
quem aqui vive sente que Baikal não é o maior lago do mundo,
nem o Monte Kilimanjaro é assim tão alto.

Por outro lado, as palavras frias desta lagoa rebentam aos meus pés,
em pequenas ondas melódicas, numa voz antiga,
as nuvens voam baixinho e quase tocam nas garças-brancas,
fazendo levantar das águas rostos esquecidos.

Não me mexo –  afundo-me lentamente.
nestas águas cristalinas serpenteiam fios de lodo,
pequenas mãos-fantasma e as suas escamas ásperas
tentam-me agarrar e puxar,
o mais que conseguem é beliscar os calcanhares;
é neste jogo de toque rápido e fuga de peixe, que me deixo ir:
uma hora depois não é uma hora após,
antes fosse!
o preço a pagar pela passagem deste tempo
é cobrado à saída,
quando, ao colocar a cabeça na almofada,
concedem-te o prazeroso desengano do sono.


Não era preciso tanto

Não era preciso tanto sofrimento, tamanha dor ou insondável medo, para acreditar em Deus, e nos seus caminhos indecifráveis. veredas inscrit...