segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Hoje estou de partida





hoje estou de partida;
no cais vejo barcos fantásticos
com velas em cruz carne e céu de lusa dor e salmoura,
digo adeus aos amores que ficaram à porta
dos sonhos e das promessas de naufrágio seguro,
e abraço os amigos e as nuvens sempre que digo:
- até
de tão velha que a esperança se tornou
não me chegam 366 luas para amar a noite
e sem levantar os olhos do chão,
procuro encontrar a fímbria da matéria
que desfaz em sorrisos até quem perdeu a boca
mas só encontro patentes de animais polítcos em pecados financeiros.

se Deus quiser, amanhã cedinho, chegarei a esta casa
de tantas partidas apetece-me ser qualquer coisa de novo,
sem esquecer o mapa que desenhei na sola dos sapatos.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Nove meses depois



hoje colecciono novos odores e sabores das índias
reaprendo o cheiro da terra e das fábulas perdidas
se me dão a provar frutos de outro mundo qualquer,
na ponta da língua apuro o descarnado palato e redescubro-me

quando tudo é novo cansa-se o corpo até não puder mais,
quando tudo é diferente desfaz-se o verbo e inventam-se desculpas
para perdoar vícios parvos e prazeres insensatos dos velhos tempos,
na quinquilharia do lume, qualquer ritual de fumo e cinza vencia o tédio.

onde uma mortalha servia para embrulhar uma urgente ninfa
de olhos grandes e ventre laminado pelo desejo cego do vício
a última vez que te levei à boca foi à nove meses:
desde então foste o meu último cigarro e não mais te pari de novo.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

4 Estações sobre Monsanto: Lugre (Carduelis spinus)


Será este um ano abundante em Lugres?


Para fugir a um inverno particularmente rigoroso no norte da Europa, um bando de Lugres brindou Monsanto com as suas acrobacias em torno das sementes do medronho, quase diria em bebedeiras de cor.
 
Em fruto doce e maduro, os medronheiros, não se têm livrado de grandes razias, resultante dessas manobras de degustação surge uma nova e estranha combinação: Medronho-ou-Lugre.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pó de fantasma





era o pó do fantasma que te servia de máscara e encanto,
ao rosto de mulher tão jovem em fios de oiro e promessas mil.
quem olhasse assim, à primeira vista, não reparava,
nas múltiplas cambiantes de sombras que ganhavam fala na tua pele.
às vezes eras tu, outras vezes eram eles que adensavam a matéria dos dias,
mas depois da curva que se estendia do bairro da noite até ao beco do suspiro,
era vê-los a correr nos teus braços num esplêndido sorvedouro de almas
de abismos e outros livros esquecidos para além da impressão do toque e do gosto
depois...
ficou a promessa no pó do fantasma que agora vestes:
nunca te falte a luz que eles velam por ti.



Poema dedicado a uma amiga desta e de outras vidas / Sérgio Guerreiro, 26 de Setembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

12122012





do que me lembro?... apenas isto...
num acto rápido e sem importância alguma:
as chaves do carro caíram-me da mão!

(+12122012)

nenhures, num ponto multi e inverso a si mesmo,
existe um outro eu que habita as consequências improváveis,
os rumos e as veredas que não escolhi como primários
pessoas, verbos e paisagens que não experienciei
porque não foram o fundamento das minhas escolhas iniciais;
tudo o resto existe num curto-circuito de hipóteses
numa repetição eterna e longínqua da qual nos chega o eco
num estilhaço efémero.

(-20121212)

procurei  as chaves, e lá estavam elas no meio do asfalto,
não olhei para mais nada e quando me precipitei para as apanhar;
o meu outro eu evitou o meu atropelamento num dia de eco infinito:
no seu próprio acidente.


domingo, 2 de dezembro de 2012

a CP e as suas greves

com todo o respeito que qualquer profissional me merece... mas tanta greve e grevinha já chateia !
por favor....sem rumo nem vergonha, estes senhores vão ditando a vida dos seus clientes e ainda se riem.
como é possível um dia depois da greve ainda haverem serviços suprimidos? como é possível um dia depois da greve; circular um comboio fantasma com atraso de mais 15 minutos, sem ninguém comunicar o motivo ou estimativa, com a iluminação interior parcialmente desligada e em marcha lenta durante toda a viagem? não compreendo,  como é possível não assegurarem os serviços mínimos decretados pelo tribunal e continuarem impunes como se nada fosse?
estamos no início do mês, com milhares de passes adquiridos e sem um pingo de respeito por quem afinal é cliente, para não dizer quem lhes paga o ordenado, porque seria por certo acusado de excesso no vernáculo ou populismo.
a greve é um direito consagrado na constituição mas os serviços mínimos também o são. estes senhores não estão acima da lei!
para termimar... não se esqueçam de comprar o vosso título de transporte que para a semana temos mais uma greve fresquinha.  não quererá o estado depois de privatizar a CP Carga, privatizar também estas greves?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

4 Estações sobre Monsanto: Estrelinha-real (Regulus ignicapilla)



Em repouso esta pequena ave pode atingir os 400 batimentos cardíacos por minuto. 
Pesa aproximadamente 5 gramas e alimenta-se de insectos. A sua esperança média de vida é de 4 anos. Este é o cartão de visita da fascinante Estrelinha-real: uma das aves mais pequenas e belas da nossa avifauna. É extremamente irrequieta, dá preferência à copa das árvores e às zonas de sombra acentuada; pelo que não é tarefa fácil fotografar os seus comportamentos.


Em Agosto, às primeiras horas dos dias de intensa canícula, a Estrelinha-real veio tomar o seu banho, escondida pela vegetação cerrada, numa discreta linha de água. 



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Reacções ao Workshop 4 Estações sobre Monsanto


Como gosto de sentir a chuva a lavar os verbos antigos e as bocas semicerradas por despertar.

Num dia em que chovia o que Deus mandava assistimos a mais um Workshop 4 Estações sobre Monsanto.
Os amigos estiveram presente. Os amigos são assim, amigos, mesmo quando estão ausentes, mas não foi o caso. Estes Amigos da Poesia são actos e palavra. Aqui fica o meu bem haja e sentido Obrigado.

Podem ver a reportagem de Carlos Peres Feio aqui tal como fotos do próprio e de Ana Freitas sobre o Workshop.

















domingo, 25 de novembro de 2012

Ideia brilhante






de ar tristonho,
com esse pijama de pêlo roçado e essas pantufas de lobo mau amestrado
não vais assaltar nenhum banco ou filão tampouco curva ou coração;
por outras palavras: não vais a nenhum lado.
mas não tenhas medo de ser a estrofe melódica mais imperfeita e mais anedótica que alguma vez ousaste escarrar,
isto porque dentro de uma só ideia existem ordens de guerreiros que nos fazem avançar
são exércitos tão secretos quanto inteiros que nos impelem a persistir.
nem que para isso tenhamos que mentir
para que sem demoras avancemos no objectivo inconfessável do peso das horas
e dentro de uma só voz existem tantas outras almas, como nós,
tão fracas e tão sós,
quando nos dizem de cara chapada que amanhã é outro dia
na esperança esfarrapada de uma ideia brilhante qualquer
afinal existem lobos maus desempregados noutro lugar.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Floresta Autóctone



"Venha conhecer o Parque Florestal de Monsanto!" este é o mote e também o convite.

A CML e a Divisão de Gestão e Manutenção do Parque Florestal de Monsanto vão comemorar dia 23 e 24 de Novembro - O Dia Internacional da Floresta Autóctone. Para tal, irá ter lugar no parque florestal muitas e boas iniciativas, das quais destaco:

Dia 23 pelas 17:00

Tertúlia: "Conversas sobre Monsanto". Com vários convidados das mais variadas áreas, uma conversa multidisciplinar onde irei participar como fotógrafo de natureza.



Dia 24 pelas 10:00

Workshop 4 Estações sobre Monsanto: vou relatar as experiências fotográficas vividas quando fotografava e filmava no parque florestal. De igual forma, irá ser exibido o documentário 4 Estações sobre Monsanto, seguindo-se uma visita guiada ao Espaço Biodiversidade para demonstração técnica. 





Entrada livre e desde já estão convidados!


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Café Poema - A Zeca Afonso um poema colectivo


Assim foi o Café Poema onde se ouviu e declamou Zeca Afonso. Desde já agradeço a participação e dedicação de todos aqueles que compareceram para mais esta conversa de café em torno da poesia e dos poetas. Posto isto, aqui fica o nosso (vosso) poema colectivo.



Até Sempre.

As canções de intervenção que despertaram uma nação para a liberdade do cravo
A voz da saudade que percorre o céu estrelado onde o teu nome brilhará para sempre
Cantares de Maio, só pode ser global, de qualquer época
Amigo maior que o pensamento Alma maior que os poetas
Canções intemporais, a voz do fado de Coimbra e de um País suspenso pelos grilhões da tinta azul
Zeca fazes falta ainda por seres sempre
Zeca o símbolo da Liberdade
Zeca, saberemos todos que a Aurora que sonhaste despontou quando em cada rosto um amigo, um companheiro
Espírito livre
E a Liberdade pá?
A voz, os ritmos e a alma do Zeca conduziram-nos à idade da esperança
Enormemente e incessantemente
Continuamos todos a ser índios.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Café Poema - 09|11 - Zeca Afonso e a Poesia


Quando passam 25 anos sobre o desaparecimento de Zeca Afonso, o Café Poema vai recordar as suas canções eternas em forma de um poema de sempre.

Aparece e traz outro amigo também...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Doçura ou travessura ou...simplesmente estupidez?


Sempre ouvi dizer que uma menina deve ser educada, não dizer palavrões e não deve fazer "travessuras". Bem, isto só é válido se não for o 1 de Novembro e se a menina não tiver mais do que 18 anos senão esqueçam tudo o resto.

Estava descansado em casa quando tocaram à campainha. Inicialmente pareceram-me ser crianças que andavam a brincar ao Pão-por-Deus, só que do outro lado da parede escondia-se uma terrível verdade. Quando a minha mãe abriu a porta, imbuída do espírito de Todos-os-Santos, com rebuçados e castanhas nos bolsos, duas meninas pretinhas e grandotas, na casa dos dezoito, apresentaram-se ao que  vinham e sorriram. A minha mãe estranhou a tamanho das pseudo-crianças exclamando "mas vocês já não tem idade para andar a brincar ao Pão-por-Deus!" as meninas nada disseram e quando a porta se fechou, despejaram um quilo de arroz e uma embalagem de esparguete no tapete exterior da casa, desaparecendo nas ruas a rir e a tocar nas campainhas como se não houvesse amanhã.



Bem, este arroz (agulha) e esta esparguete (milanesa) foram possivelmente oferecidos às meninas por alguém que na sua boa-fé não tendo rebuçados para dar, ofereceu o que tinha, e sabe Deus....
E estas fedelhas cobardes fazem isto? Enfim... assim anda a fome de princípios a comer Portugal!






sábado, 27 de outubro de 2012

Apresentação da Colectânea "Ocultos Buracos"

Dia 27 de Outubro, pelas 20:30, na Fábrica Braço de Prata em Lisboa, será apresentada a colectânea "Ocultos Buracos" na qual participo com o conto terrorifico e horrendo "Clara".

Portanto não há que ter medo e apareçam!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A ira da Garça-real

Num açude situado dentro do Parque Florestal de Monsanto é natural observar uma Garça-real (Ardea cinerea),num agradável convívio com outras espécies de aves.



 Contudo, nada fazia prever o comportamento agressivo da maior garça da Europa para com um pato-real que calmamente nadava à sua frente.



Depois de atacar o desgraçado do pato, este não teve outro remédio senão esconder-se.




Enquanto a Garça-real continuou a sua actividade piscatória como se nada fosse.




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Bienal de Artes de Carcavelos - 2012



Desde já estão convidados a visitar a Bienal de Artes de Carcavelos que irá decorrer de de 20 a 27 de Outubro e contará com bastante actividade cultural que aqui podem consultar.

A minha participação passará pela fotografia "o caminho das horas" e fará parte de uma exposição colectiva e multidisciplinar patente na Sociedade Musical de 21 a 27 de Outubro das 16:00 às 20:00

Apareçam.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Foi impressão minha ou...



Isto vai de mal a pior...
Imagino a cara de uns quantos estoicos portugueses que assistiam na condição de povo atulhado em impostos ao hastear da sua mui nobre bandeira, quando algo correu mal e a dita subiu, subiu mas ao contrário.

Foi um azar, é certo que podia acontecer a qualquer um. Já me aconteceu vestir uma t-shirt ao contrário e sair à rua não desconfiando da minha triste figura, portanto, podia bem acontecer enganar-me no lado correcto da bandeira que estava engomada e dobrada a pedir para ser hasteada; quem é que ia adivinhar que algo podia correr assim tão mal?

É preciso ter pontaria para estas coisas, logo no dia em que se celebra a implantação da República, a nossa a bandeira é hasteada ao contrário, como sinal de ocupação inimiga, portanto onde é que estão eles? Sim, onde estão os maus da fita, os vilões, os.... ou melhor, quantos são?

Assim vai Portugal, de mal a pior, de pernas para o ar, do avesso, com ar que o rei vai nu.
A culpa é do desgraçado do "Zé" que enganou-se no lado correcto da bandeira, diriam uns quantos; contudo, pensando melhor, eu encontro outro culpado, o 5 de Outubro.
Senão vejamos:

Temos festança a mais nessa data. Por um lado, os monárquicos a celebrar o nascimento do Reino de Portugal, através do Tratado de Zamora, a 5 de outubro de 1143; por outro os Republicanos, a 5 de Outubro de 1910 rejubilam com a implantação da República, proclamada  por José Relvas (não confundir com o Miguel, obrigado). Por fim, a 5 de Outubro de 2012, os ministros eleitos pelo povo celebram escondidos do povo a implantação de uma doente e quase secreta mini República.

Pronto, não se zanguem os Monarcas ou Republicamos, no próximo ano o 5 de Outubro já não há feriado para ninguém, todavia podem celebrar à vontade e onde quiserem, desde que não hasteiam a bandeira ao contrário porque essa tem direitos de autor:

O "Zé" o tal que tudo aguenta.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Curta-metragem: mar



Aqui fica a versão para internet da minha curta-metragem - mar - exibida no segundo aniversário do Café Poema. Também podem assistir à versão para televisão no MEO Kanal. 


terça-feira, 11 de setembro de 2012

4 Estações sobre Monsanto: Trepadeira-comum (Certhia brachydactyla)


À primeira vista não parecia uma ave mas sim um ratinho que timidamente espreitava por detrás do tronco. Quando o animal perdeu a vergonha e deu a conhecer os seus contornos, dissiparam-se as dúvidas; era uma Trepadeira-comum que de semblante ligeiramente tímido veio ver o que se passava perto de uma linha de água.



Não se demorou muito e depois de matar a sede lá foi ela à sua vida, que tristezas não pagam dívidas. Ora a subir, às vezes a descer e tantas vezes de barriga para cima, assim evoluiu esta pequena ave agarrada aos troncos das árvores em busca de pequenos insectos.


Tal como nós, às vezes de barriga para cima, outras de barriga para baixo, fazemos o que pudemos para que a esperança volte à luz destes dias.



sábado, 8 de setembro de 2012

Moinhos







Lembro-me do nosso encontro secreto.

tu, a sorrir, deitada na colina de Sant'ana de que se fala cidade mulher,
nua de impérios ou de qualquer faiança de pele branca;
sem saber o que fazer com todos os moinhos de vento que um dia
trouxera da Holanda para te oferecer.

muito simples, como só tu consegues ser, tão simplesmente assim,
sopraste para longe as sílabas do amor
e as asas do moinho deram alma à mó
moeram o grau de tempo que se escreve,
sempre ao contrário do desejo imediato.

os moinhos cresceram pela cidade secreta do teu corpo 
e como tudo o que se esconde um dia acaba por cair,
eu fui à minha vida e tu foste à tua sorte
muito simples, como só nós conseguimos ser, tão fanaticamente assim,

mas os moinhos lá ficaram nas colinas de outras mulheres feitas cidade
e moeram a paciência aos filhos da fome dos outros,
da solidão, da alma, do silêncio, da calma, do grito, da cama, da fala dos outros
mas ainda hoje guardo esta maresia que me adormece e alimenta.

em noites que são minhas órfãs de pele.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

4 Estações sobre Monsanto: Cobra-de-ferradura (Coluber hippocrepis)


A cobra-de-ferradura (Coluber hippocrepis) não é venenosa para o homem. Quando se sente ameaçada pode ter um comportamento dito agressivo, mas quem não o teria em certas situações limite?



Esta cobra que pode atingir 180 cm; com uma característica mancha escura na cabeça que se assemelha a uma ferradura, o que lhe confere a sua graça. É uma cobra ágil e pode ser encontrada em locais secos mas também em meios urbanos. De hábitos essencialmente crepusculares alimenta-se de ratinhos, lagartos e pequenas aves.


Já tinha fotografado e filmado um outro exemplar desta espécie, no entanto não tinha conseguido um registo de proximidade como este. Isto porque, esta cobra- de-ferradura ainda juvenil foi socorrida pelos bombeiros e conduzida até ao LXCRAS de Monsanto. Quando foi libertada deu-me a honra de registar para a posterioridade todo o ser esplendor.



domingo, 19 de agosto de 2012

Dia Mundial da Fotografia


e porque hoje é o Dia Mundial da Fotografia,



que as máquinas de todo o mundo não se calem de fotografar,
de luz momentos felizes escritos em paz
para que um dia possamos dizer
sabemos viver aqui.


sábado, 4 de agosto de 2012

Projecto Quatro Estações Sobre Monsanto - Gaio (Garrulus glandarius)

O Gaio, muito embora seja uma espécie abundante no Parque Florestal de Monsanto, não foi nada fácil de fotografar. Trata-se de um corvídeo muito inteligente (capacidade de adaptação a novas situações) tal como exímio imitador de sons, contudo sempre desconfiado e pouco tolerante à presença humana. 
Para isso, tive que recorrer ao abrigo e depois de observar certos hábitos desta ave, descobri um local onde bebia água e depois repousava durante alguns minutos. Eu, supostamente bem camuflado, a seis metros de distância do poiso, esperei pelo seu regresso.

Dias mais tarde, noutro lugar, quanto tinha tudo preparado para fotografar aves mais pequenas, eis que surge o nosso amigo Gaio em cima do ramo e a encher completamente a área de foco. Não estava à espera. O abrigo estava a um metro e meio dele e não me atrevi a mexer na objectiva para diminuir distancia focal.
 

O meu imaginário juvenil está preenchido por imagens do voo destas aves na terra dos meus pais; as suas vocalizações era algo que eu associava à voz do campo, as penas azuis das asas eram para mim pedaços caídos de céu, simbolo de liberdade num voo perfeito.

Há uns anos, estava eu num restaurante do Barreiro quanto vi esta ave presa numa exígua gaiola, em precárias condições de espaço e higiene. A ave mal conseguia abrir as asas, não tinha espaço para se movimentar, os comedouros e bebedouros estavam quase vazios e sempre que alguém se aproximava da gaiola, o animal atirava-se contras as grades, causando-lhe visíveis ferimentos. Fiquei revoltado e falei com o suposto responsável do restaurente e presumivel dono da gaiola mas não do animal. Tentei convencer o senhor da libertação do Gaio, mas o homem respondeu, " ave caiu do ninho quando era pequena, foi recolhida e bem tratada" eu reafirmei que "aquilo" não eram condições para manter um animal em cativeiro, com espaço tão pequeno, sem cuidados nem tratamento, e mais disse ao senhor que "aquilo" (apontando para a gaiola onde estava o pássaro assustado) era um crime mas na altura ainda não havia legislação para o efeito. O homem virou-me as costas e foi atender um cliente.
Perdi a fome, saí do restaurante com uma vontade...


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Café Poema 03|08 - Poeticamente (in)correcto

03|08 22:00 - Cappuccino´s coffee Shop - Carcavelos.

Nestas coisas de versos e poesias existirá regras que comandem a inspiração?
Neste Café Poema vamos falar do Manifesto Anti-Dantas, que bem podia adaptar-se aos dias de hoje.

Mas não pensem que vou versar sobre cursos relvados e equivalente jardinagem mas se quiserem...
Esfreguemos as mãos de contente e vamos poeticamente ser incorrectos!




sábado, 28 de julho de 2012

Apresentação do documentário 4 Estações sobre Monsanto na Fnac



No passado dia 26 de Julho, pelas 18:30, tive o prazer de apresentar o documentário 4 Estações sobre Monsanto no Fórum Fnac da Baixa Chiado. Gostaria de agradecer à Divisão de Gestão e Manutenção do Parque  Florestal de Monsanto da Câmara Municipal de Lisboa o empenho na concretização deste projecto.


Tal como, uma palavra de apreço para com todos aqueles que estiveram, de uma forma ou de outra, sempre presentes e amigos.

Obrigado e vamos continuar.

SG








domingo, 22 de julho de 2012

Cine Eco - 4 Estações sobre Monsanto, na Fnac Baixa Chiado, 26 de Julho pelas 18:30

Meus Amigos,

Resultante da minha parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, é com muito prazer que convido a assistir:

VI Edição da Extensão de Lisboa do Cine’Eco - Festival Internacional de Cinema e Ambiental da Serra da Estrela,

Onde será apresentado o documentário 4 Estações sobre Monsanto, no  Fórum Fnac da Baixa Chiado, na próxima quinta-feira dia 26 de Julho pelas 18:30. 

Conto com vocês. A Natureza agradece.

domingo, 15 de julho de 2012

Optimus Alive 2012 - O dia da Cura -


The Cure

 

há coisas que só o tempo explica e por vezes complica. há canções que nos marcam na pele, como se fosse uma cicatriz indelével e intemporal, algo que está lá, não se vê, mas quando ouvimos um acorde daquela canção acorda a ferida voraz de emoções, às vezes doí, outras vezes não, passamos as mãos pela pele e sentimos que aquele momento foi só nosso. depois de duas horas de cura, perdemos vinte anos e vinte rugas e outras dores. 

e isto só foi possível porque os rapazes não choram quando ouvem canções de embalar.

  
Awolnation




se houvesse mais...
gostei do "Sail "(música que actualmente têm que gramar quando ligam para o meu telemóvel) fez-me lembrar muita coisa, não vou dizer o quê porque não gosto de comparar musicalmente o que é geneticamente incomparável, gostei da energia do homem e da maneira como arrebatou a plateia e moldou o rock de músculo com um toque suave de pop.

como eles dizem, fazem música para todos gostos e para todas as nações, querem lá saber dos rótulos, e muito bem.


Tricky


foi curioso de ver estilo do homem, doseando o culto do corpo (suponho que era vinho e tabaco) com a postura de provocação genital. mas afinal estava enganado, não foi nada disto...
porque o mesmo actor que de língua de fora ameaçava a plateia com um voz sussurrante e provocadora, convidou humildemente a mesma a subir para o palco (ao som de uma versão de "Ace of Spades", dos Mötörhead)

e veio a invasão de palco, o público junto com os músicos, no mesmo patamar de altura e de contemplação, assim é que devia de ser, de vez em quando. fazia falta.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quantos rostos cabem dentro do teu rosto?


Ainda estou por descobrir quantos rostos cabem dentro do teu rosto;
para isso recorto a tua face de silêncio na curva de Vénus
e sigo os pontinhos das estrelas que perfazem o labirinto do teu sorriso,
desarmado o encanto da dançarina secreta Mata Hari. 
Peço-te uma palavra, uma qualquer, tanto faz.
Tu num esgar mágico ergues o sobrolho típico de uma mulher de armas
e dizes baixinho: Nefertiti.
Eu não digo nada.

Tu continuas a metamorfose do rosto e dos rostos que nele habitam. 
No rasgar náutico dos teus lábios és agora Joana d'Arc;
olhas para o horizonte e deixas o vento escorrer a beleza das coisas simples
deixando antever na nudez do quadrante esquerdo do teu pescoço,
um sinal castanho em forma de ilha virgem só habitada pelo sol.

Pergunto se sabes quem és?
Tu apanhas o cabelo, qual Marlene Dietrich, e para demonstrar a tua impaciência
fechas o rosto de animal ferido ao desgosto imitando o fado de Severa
de perfil frio, tão frágil.

Passas as mãos pelas mãos e depois pela face e já não és quem eras.
De língua curta a percorrer o lábio húmido seguindo-se um cruzar de pernas,
para depois libertares o cabelo como um cavalo selvagem montado por Minerva.
Pedes um café com adoçante e trincando o agradecimento;
por instantes és Sugar Cane ou Marilyn Monroe deitada na cama do amante impossível.
Por fim, quando espreitas por entre a chávena de café e um raio de sol,
em diagonal perfeita, o mapa dos teus olhos celebra um bom dia que não descansa.

Existem tantas mulheres no teu rosto
que não cabes em alguma delas
mesmo quando não te vejo
és todas e nenhuma outra.

4 Estações sobre Monsanto II

Está em fase de produção o segundo episódio do 4 Estações sobre Monsanto, que desta vez contará com uma linha narrativa e uma entrevista, para além claro, dos principais intervenientes, a fauna do Parque Florestal Monsanto.

Aqui fica um pouco do que se poderá ver, breve... brevemente...



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Solstício de Verão | 21 de Junho

às 21:05,

quando o astro rei cair sobre a serra, lá estarei em Monsanto, para celebrar o sol e outras luzes que não se vêem mas ainda se sentem, na noite mais curta do ano, na celebração do Solstício de Verão.



entre muita coisa... vamos falar da luz de Monsanto, dos mistérios do Sol, dos ritos, e do meu projecto Quatro Estações sobre Monsanto.

E até vamos caminhar pela serra alegremente iluminados.



sábado, 16 de junho de 2012

Mars Volta & Le Butcherettes - Lisboa - 14-06-2012

 

Não estava cheio. Bem composto, por um público variado, tanto nas idades como na indumentária genérica, assim se engalanou o Coliseu dos Recreios para receber os Mars Volta, dita por muitos como a melhor banda de rock progressivo da actualidade.

Mas para mim, quem realmente encantou (admito, tão modesta como tendenciosa opinião masculina) foi a menina Teri Gender Bender (animal de palco, de tantas caras e vozes quanto o diabo e o anjo permite) assim foi a vocalista dos Le Butcherettes, banda que abriu a noite e fechou os olhos da mesma.


O experimentalismo, a revolta e a paixão, do trio aqueceram os ânimos. Talvez deixe cair o estereótipo punk e prefira a força de 3 almas num palco que foi pequeno para tanta energia e talento.

Quanto aos Mars Volta, uma viagem espacial por entre perfeição musical, onde tudo parece tão simples como complexo, às vezes idílico.

 
Cedric Bixler-Zavala, excelente vocalista; desculpem-me os fãs tamanha comparação, mas este senhor fez-me lembrar, (salvaguardando as devidas distâncias da farta carapinha e com toda a carga simbólica e respeito) o Grande Herman José com o seu Serafim Saudade nas suas energéticas coreografias dos finais dos anos 80.

 

De resto, passou-se uma boa noite sem direito àquela repetição dos previsíveis "encore", e ainda bem... confesso que já me doía a imaginação.



Não era preciso tanto

Não era preciso tanto sofrimento, tamanha dor ou insondável medo, para acreditar em Deus, e nos seus caminhos indecifráveis. veredas inscrit...