uma composição maquinal de luzes verdes e sinais sonoros
adormecem os resistentes nas cadeiras com rasgos de uso,
esta luta é feita de gritos de esperança em dias sonolentos;
o tratamento é injectado na mão do terço e da reza.
há pacientes que se despedem com até amanhã!
ou até para a semana, mês que vem, quem sabe até quando!
na cumplicidade do afecto que mantêm o barco vivo;
as enfermeiras são capazes de tudo para nos fazer acreditar em fadas.
estou ao lado da minha mãe, perguntei-lhe se ainda lhe doía as costas,
ela disse que estava melhor, levantei-me dirigi-me à janela do hospital,
lá fora, na varanda empedrada, duas flores amarelas irromperam do cimento,
dançam trinfantes sempre que o vento as chama.
a minha mãe olha para as máquinas e os quimicos que nos rodeiam,
gota a gota, a injecção entra no caule da nossa oração.