os homens nascidos dos antigos sobreiros,
eram baptizados dias após o descascar nocturno umbilical,
a origem de uma vida sem rede ou santo, feita de sulco e cicatriz,
onde as lágrimas eram o disfarce perfeito daquela chuva de verão.
aos sete anos eram meninos trabalhadores,
andavam pelos montes e dormiam na cauda da raposa,
uma rica sardinha era um banquete de irmãos,
e repartia-se meia carcaça em fatia fina pela navalha das fogueiras.
para o estado, aqueles seres eram duplos entregues a eles próprios,
bombas relógios de novas famílias prontas a despachar filhos trabalhadores,
para os pais, tinham fé de que o pão fosse professor e a sardinha doutora,
mas nada disso importa, quando se nasce duas vezes e a árvore-mãe
nos abençoa num grito.
Parabéns meu Pai pelos teus 86 anos!
Sei que aparas os meus disparares numa outra dimensão.
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