quarta-feira, 8 de junho de 2022

Já chegámos à Madeira, ou quê? Levada dos Balcões

 


Esta será a levada que oferece um menor grau de dificuldade aos caminhantes. No total,  ida e volta, são 3 km, nos quais se respira ar puro a uma altitude de 880 metros. O terreno é sempre plano. Durante 45 minutos somos transportados para um túnel do tempo que nos remete para uma época de descobrimentos, não fosse o curso de água feito pelo homem, tudo o resto é selvagem e intocável. Passamos por entre grandes pedregulhos tombados, onde a humidade faz crescer musgos e líquenes. Da vegetação densa observei plátanos e carvalhos, para além das muitas espécies indígenas como o til, o loureiro, a urze e a uveira-da-serra. Esta é a riqueza da Floresta Laurissilva com 15000 hectares, ocupa 20% da ilha da Madeira, sendo a área mais bem preservada deste tipo de floresta no mundo. Por isso mesmo, faz parte da Rede Natura 2000, classificada como Património Natural da Humanidade pela UNESCO desde 1999.



Agora as briófitas e a grande diversão que causaram no meu grupo de amigos.

Tanta nos restaurantes, como nas nossas idas às ponchas, as briófitas vinham à conversa, no meio de risos e alterações fonéticas ao nome e no meio de gargalhadas passavam de briófitas passaram a ser denominadas de "briólias", "biónicas", "biofitas", bicónicas" tudo servia para fazer do nome das plantas, riso e cumplicidade.

Os briófitos são o grupo muito antigo das plantas terrestres. Não têm tecidos vasculares e como tal, não produzem sementes, dependendo a sua reprodução da água que é absorvida e transportada entre células, o que faz que o seu crescimento seja lento e limitado. 

As briófitas mais comuns são as hepáticas e os musgos. Nesta imagem temos uma hepática que se assemelha a uma mão e outras a um fígado.


 


No meio da floresta fechada ouvi um bater de asa seguido de fuga. A ave pousou num ramo quase no topo de uma árvore, o que dificultava a observação pela densa folhagem e o angulo complicado. Cá de baixo, aproximei-me, o bicho, porém, permaneceu imóvel a ternar passar despercebido, parecendo estar a controlar as minhas movimentações. Minutos volvidos, iniciou a limpeza das penas sem se preocupar muito com os meus disparos fotográficos. Era hora de cuidados de beleza. O animal estava quase sempre de costas ou virado para o outro lado, enquanto eu tentava mudar de abordagem ou de posição. Contudo, a floresta fechada e a estreita vereda não apresentavam muitas alternativas criativas. Depois de muitas voltas, duas fotos possíveis que servem de registo de um momento de pura sorte e muita paciência estilística do pombo-da-madeira.



O pombo-da-madeira (Columba trocaz) é uma espécie endémica da ilha da Madeira, sendo o seu habitat predominante a floresta de Laurissilva


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No Mirador dos Balcões fomos brindados pelo inevitavelmente belo tentilhão-da-madeira e as suas poses de curiosa interrogação.





Aqui estou no Mirador dos Balcões a pousar para a minha ego pequenez.  Daqui surge a admiração pelo vasto vale e a dimensão dos passos que ficaram por conhecer. Esta paisagem viva é um quadro tão belo, por isso mesmo mutável e quase sempre incompleto. Faz-nos aprender o valor da humildade, não tivéssemos nós nascido com mais olhos do que asas.

Sérgio Guerreiro e a Vereda dos Balcões


No caminho de regresso encontrei o Tom que enroscava-se para fazer frente o frio da noite que se aproximava.





Agradecimentos:

Bernardo
Semedo
Silva
Tom





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