terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Casas esvoaçantes










antes do dia ser um bando de destroços, 
subo a rua em direcção às casas esvoaçantes;
pelo chão os melros gritam sentenças, 
perdizes atarefadas correm entre trincheiras,
narcejas saltam por entre a raiz dos pés; 
nos cardos, pintassilgos arrepiam o traço do sol, 
e em raminhos de poiso tão altaneiro quanto escondido,
piscos e rouxinóis cantam marchas em fuga.
já os mochos alertavam para a má vida dos homens solteiros
e as cegonhas para temperança das meninas casadoiras,
quando lá em cima, nas casas esvoaçantes, 
se formavam nuvens de estorninhos como sinal de mudança;
os tordos, por sua vez, rezam ao azar dos caçadores,
as corujas expiam o pecado dos andarilhos solitários
por mim...
continuarei a subir esta rua que não mais acaba,
carregando a pena das gaiolas de água.

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