(Cymbalophora pudica)
E com alguma razão. Já passava da uma da manhã, ao longe, quem os visse em cima de um banco, a olhar para a luz dos candeeiros poderia pensar que estavam a roubar as lâmpadas, o arame da vedação, ou a tramar alguma desgraça. Àquela hora tudo era possível. E este estranho comportamento legitimava as mais diversas interrogações. Como tal uma pergunta impunha-se: O que os levava a fazer tal figura? A resposta era simples e voava à noitinha à frente dos vossos olhos: Borboletas nocturnas.
Atenção. Seria totalmente diferente se dissesse que andava a fotografar borboletas nocturnas à uma da madrugada, em vez de categoricamente afirmar que estava a fotografar traças ao luar. Muito embora seja tudo igual, o mesmo método, técnica e até os mesmos bichos, a generalidade das pessoas prefere e aceita melhor a palavra borboleta em vez traça. Simplesmente traça. É uma questão da conotação e preconceito atribuída a esta última. Uma vez que as traças granjearam fama depreciativa de bichos feios e maus, bichos que traçam a roupa, fazem buracos nos tecidos mais diabo a sete, e talvez por isso seja necessário combate-las de vassoura numa mão e insecticida noutra. Nada mais errado.
Suou o alerta. Durante a madrugada os seguranças do parque de campismo registaram chamadas dos campistas preocupados com esta bizarra actividade nocturna. Ninguém lhe disse que andávamos a fotografar traças para o projecto Biomelides. Ainda bem.
Verdade seja dita, quando estávamos a fotografar aproximou-se uma senhora (para o efeito carinhosamente será Dª Mariana) e perguntou-nos com uma voz de sono e a medo, o que andávamos a fazer? Não falámos em traças, nem uma palavra. Preferimos elogiar as borboletas na sua ampla generalidade. A Dª Mariana ficou compreensivelmente mais descansada com as nossas sinceras apologias às borboletas e de roupão puxado até às orelhas recolheu à sua rulote. Aqui fica o nosso esclarecimento e ao mesmo tempo agradecimento pela sua coragem e paciência.
Durante duas madrugadas registámos perto de três dezenas de espécies de borboletas nocturnas pertencentes à sub-ordem Heterocera ou se preferirem traça.
(Ocneria rubea)
Suou o alerta. Durante a madrugada os seguranças do parque de campismo registaram chamadas dos campistas preocupados com esta bizarra actividade nocturna. Ninguém lhe disse que andávamos a fotografar traças para o projecto Biomelides. Ainda bem.
(Compsoptera opacaria)
Verdade seja dita, quando estávamos a fotografar aproximou-se uma senhora (para o efeito carinhosamente será Dª Mariana) e perguntou-nos com uma voz de sono e a medo, o que andávamos a fazer? Não falámos em traças, nem uma palavra. Preferimos elogiar as borboletas na sua ampla generalidade. A Dª Mariana ficou compreensivelmente mais descansada com as nossas sinceras apologias às borboletas e de roupão puxado até às orelhas recolheu à sua rulote. Aqui fica o nosso esclarecimento e ao mesmo tempo agradecimento pela sua coragem e paciência.
(Cymbalophora pudica)
Durante duas madrugadas registámos perto de três dezenas de espécies de borboletas nocturnas pertencentes à sub-ordem Heterocera ou se preferirem traça.
(Euproctis similis)
Na quietude nocturna voavam pequenos seres que não sonhávamos existirem. É também para isso que serve a noite.
(Calamodes occitanaria)
Em Portugal existem 2400 espécies de borboletas sendo que 95% são traças. Esta é uma pequena amostra da sua variedade e beleza.
(Dyscia penulataria)
(Isturgia miniosaria)
(Scotopteryx peribolata)
(Cilix hispanica)
(Idaea incisaria)
(Thaumetopoea pityocampa)
Outubro - 2014 - Melides
Agradecimento ao grupo Lepidoptera em Portugal pela identificação das borboletas nocturnas.
Cymbalophora pudica de facto é muito gira. Estava à procura do nome faz uns dias. Obrigado!
ResponderEliminarObrigado Emanuel pela atenção.
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