Setembro - Astúrias
Altitude 1100 metros. Quando cheguei aos lagos de origem glaciar Enol e Ercina, denominados Lagos de Covadonga, o sol espreitava timidamente por entre as nuvens que adornavam as montanhas. A aragem era fria mas suportável. O tempo mudava rapidamente alterando o quadro da paisagem; tão depressa surgiam bancos de nevoeiro que reduziam o campo de visão a menos de 10 metros, como a luz desenhava nas colinas sombras idílicas. Ao sabor das nuvens e das suas matizes, o momento era transformando numa redescoberta constante. E quando a luz mudava eu era transportado para outro local até então desconhecido, numa viagem por outra dimensão. Depois, sem sair do mesmo sítio, o céu mostrava-se limpo e azul, sendo o silêncio interrompido pelo som dos chocalhos. Em redor dos lagos várias vacas pastavam calmamente tolerando a curiosidade humana e as sua manias em criar fantasias desdobráveis em recordações.
O cenário mutável ante o humor dos Deuses.
Com imaginação era possível ver pequenos elfos entretidos a brincar às escondidas, mas nem sempre, mais comum era acreditar na beleza do impossível.
Uma cerca que dividia a realidade de uma pintura a óleo.
As vacas esticadas pelo olho da objectiva - eram as guardiãs da paisagem e dos seres secretos que por ali passeavam.
A anunciada mudança das condições climatéricas trazia consigo nuvens carregadas de histórias e outros mistérios, porém as vacas sentadas já estavam habituadas a isso e muito mais.
O nevoeiro e os caminhos que conduziam até ao epicentro dos lagos, onde tantos espíritos procuravam o seu reflexo.
Lago de Ercina, quantos segundos cabiam nesta eternidade?
Em 711 DC, segundo rezam as crónicas, com ajuda do milagre da Cruz e de Nossa Senhora de Covadonga, foi aqui que o primeiro rei das Astúrias, Don Pelayo, pôs fim ao expansionismo islâmico, dando início a uma Península Ibérica totalmente católica.
Gruta de Covadonga: aquando da batalha, Dom Pelayo transportava uma cruz que hoje é o símbolo das Astúrias.
Santuário de Covadonga, erigido em pedra avermelhada, complementa a paisagem pela força da oração.
Aqui impera a fé em plena comunhão com a natureza.
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