sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Joan Miró - Materialidade e Metamorfose



Aglomerados de fibras industrias e meadas de cordel. Signos do objecto ausente e colagens. Texturas rugosas e violentas. Tudo isto entra pelos olhos a dentro, sem pedir licença, quase nos agride mas com requinte e delícia. A crueldade de materiais como alcatrão, seixos, esmalte, areia e masonite dão voz a materialidade em constante mutação destas obras. A receber os visitantes encontra-se uma Tela Queimada suspensa no tecto da sala. Um quadro sujeito ao desígnio do fogo, atravessado por um buraco para que assim se pudesse ter (digo eu) uma vista privilegiada sobre os diversos ângulos da peça. No decorrer da exposição somos confrontados com criaturas assustadoras de pescoços esguios, desengonçadas e de cabeças inchadas que antevêem a chegada da guerra e do colapso social. Podemos observar  a geométrica e as grelhas que guiam o nosso olhar para um ponto perdido no abstracto, ou o lado aleatório dos salpicos de tinta. Temos ainda um prato de papel (um prato dos bolos) que foi reutilizado como tela de suporte da obra Chien I. Ou ainda as tapeçarias gigantes, tapeçarias suspensas e as Sobreteixims-sacs compostos por sacos para farinha nos quais foram adicionados lã, cordas e até vassouras que tinham sido utilizadas na realização da obra, conferindo um grau de originalidade visceral ao composto. E com estas fotos termino este mui humilde relato do que vi após a viajem pela obra de Joan Miró Materialidade e Metamorfose, no Palácio da Ajuda. A exposição está patente até 8 de Janeiro de 2018.















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papoila de corda