quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Um lar que nunca é o nosso

 




Sempre julguei ser capaz de defender-te

de palavras como lar, casa de repouso,

residence sénior, nome pomposo,

por outro sítio, além do nosso cantinho.


por mais que tente ser ferro também me vergo

a uma solidão pintada nos olhos das paredes, 

uma fralda suja à espera da dignidade nocturna,

ou uma colher que tem que ser guiada até à boca.


a tua força guerreira é um novo planeta

que orbita o meu olhar das seis da tarde,

a memória salta como a agulha de um disco vinil,

repete em lenta rotação: a nossa casinha!


pedes-me para te levar nas falhas dos meus dedos,

ah que noite sem beijo, estamos tão perto da modéstia, 

que o nosso pequeno ninho…

só existe quando nele caímos. 




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