sábado, 1 de julho de 2023

07:04 - 17:04


à boca do túnel urbano

desisto da paisagem subterrânea,

os olhos perdem-se na leitura,

a fome do livro puxa-me a cabeça.

 

lagrimas afiadas molham a página,

os carris embalam a carruagem prenhe:

5 minutos - abre-se a porta ao formigueiro humano

2 minutos - tudo se esvazia na rotina do ganha pão.

 

subo as escadarias em ombros fantasmas,

enquanto sapatos elétricos esquecem-se dos seus corpos,

degraus e mais degraus para ter que voltar,

com nódoas negras deste bulir cerebral.

 

em loop sincronizado, 

viajo na carapaça deste bicho-de-conta mecânico,

vejo-me a subir as escadas elétricas, anestesiado, talvez feliz,

ao mesmo tempo que um outro eu desce, desce, até desaparecer...

 

na ladainha, suave engano.

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