neste quarto de dois passos tudo se agiganta,
tenho dias em que a cama me engole,
em que a janela de vidro sujo pelas sacrifício da espera
projecta radiografias da minha imobilidade tentacular,
sou a desarrumação disforme e impessoal
que observa o evaporar da água deste copo espelho
não me incomoda a barba desgrenhada de arame velho,
nem estas olheiras de quem se endrominou em comprimidos,
nem a desarrumação dos livros empoeirados sem fala,
ou guitarra deitada na cama sem cordas - quase mulher,
muito menos, não desgosto desta farda de pijama,
manchada pelo ócio e pela hipnótica alegria, se bem me lembro...
ontem, sim foi ontem, ver-te sorrir!
por 2 segundos, estavas à janela da cozinha a ver quem vive.
hoje quase tudo me parece inútil de tão promissora aragem.
Para a minha querida Mãe!
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