terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Se um dia a rede cair

 



táctil é o nosso desengano solitário,

na ânsia de consumir a fuga do tempo

vertemos o mundo na unha digital, 

cegos pela luz azul que nos acabrunha. 


caminhamos de palas, 

dentro de ecrãs sonegamos afectos,

rápidos, instantâneos, fantoches,

imitação sofrível de um resquício humano

que se agiganta num frágil tubo de ensaio.


Ah se um dia a rede cair...

quais toupeiras humanas,

à cabeçada na porta dos hospitais,

bibliotecas, museus, matrinidades,

cemitérios, esquadras, pardilheiros, bordeis.

 

tal não será o pãnico mastrubatório em espiral,

na esperança que um android vítreo

nos devolva da senha da rede perdida,

num célere encefálico despropósito, indesculpável.


até lá que me mordam os dedos 

e me destapem o pensamento.


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