Num suave chamamento das cordas
sentes o corpo do nevoeiro
a puxar-te pela mão para o centro das coisas,
onde as memórias vão emergindo
desfocadas, pasmódicas, ensanguentadas de sorrisos,
suspensas em lágrimas de primavera,
numa visão primordial de luz e água.
Ės atingido por uma agulha de som,
os nervos das mãos e do pescoço entumecem,
as tuas asas oculares digerem a luz,
assistes à pprojecção do ciclo da realidade prometida
um filme com imensos filmes dentro,
tudo é novo, original, imaculado,
sem cor e por isso sem erros.
Sentes-te único,
um ponto crepuscular
prestes a implodir conhecimento
num infinito que se repete em eco constante,
depois surge a explosão e a queda do branco dos céus
a película parte-se e finge ser um animal morto,
sem graça, decoro ou pele,
a projecção acaba e a sala abre-se à cor do dia
ficas com a sensação que perdeste algo
nasces antes e depois.
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