segunda-feira, 21 de abril de 2014

Uma viagem pelo Parque Natural do Douro Internacional


A viagem fez-se quase sempre com chuva, mas não me importei. As margens do rio Douro convidavam-me à redescoberta contínua. A paisagem silenciosa que desfilava a cada curva servia de alimento aos olhos. Enquanto a imaginação me transportava por entre planaltos voadores e outras lendas. Tudo era alto mas nunca longe ou inacessível. O imenso Douro estava ali tão perto.

No relevo predominavam as escarpas íngremes, socalcos murados com xisto e construções em granito. As vinhas dividiam o protagonismo com o rio. Para onde quer que olhasse, pairava no ar um certo misticismo que me fez sentir saudades de qualquer coisa que ainda não vivi. 

Desde Miranda do Douro, passando por Freixo de Espada à Cinta, até Algodres em Figueira de Castelo Rodrigo, foi uma percurso único pela paisagem e pelas suas gentes encantadoras. A certa altura imaginei o rio como sendo um enorme animal que apartava margens com a elegância do seu caudal. Deixei-me ir no dorso deste indomável ser e eis alguns miradouros e outros quadros que fui colhendo pelo caminho:



Miradouro do Douro Internacional - Entre vinhas e o curso mágico do rio.



Foi no miradouro do Alto da Sapinha que observei um abutre do Egipto (Neophron percnopterus), muito ao longe, mas fazendo parte integrante da paisagem. Conseguem descobri-lo?


O brilho derramado sobre as encostas vinhateiras do Alto da Sapinha (Escalhão) conferiu a esta paisagem um encanto único.

Outro miradouro visitado foi Penedo Durão -  Um  escarpa que em acentuado declive se precipita sobre o rio, oferecendo uma magnifica vista sobre  Salamanca e outros acidentes rochosos que se prolongam, deste lado da fronteira, até Barca de Alva.


O Penedo Durão, com os  seus 710 metros de altura, serve também de abrigo às aves rupícolas.


Deste miradouro podemos observar o planar dos grifos (Gyps fulvus) sobre as margens do rio. 


Enquanto outros tentam abraçar as escarpas.


No Penedo Durão, quando o sol espreitou, surgiram várias dezenas de grifos aproveitando as correntes térmicas ascendentes para ganhar altitude. 



Descendo até à Praia Fluvial da Congida (Freixo de Espada à Cinta) - foi onde dormi e acordei com os pés virados para o rio.



Na neblina que cobria a praia esperei pelo regresso das sereias e pelos ecos do seu chamamento.   


No cais da Congida -  Onde uma barca esperava pela chegada de tantas almas para as transportar rio acima. Estive quase, quase a entrar.


Seguiu-se mais um subida, desta feita até à Ribeira do Mosteiro - com o seu percurso pela calçada de Alpajares de origem romana.


Miradouro São João das Arribas e a melancolia da paisagem - um convite à meditação. Fica a promessa de um dia regressar ao imenso Douro, Património da Humanidade. Até lá recordo o som do cantar de um  rio.






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