quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Cavalos de Tróia





Aqui estou,

no trono dos dias pequenos,
depois de tomar o lugar dos lugares aos espíritos das nuvens e do tempo que já passou. 
não há banco do jardim que não conte uma história;
de meninos a correr atrás de uma bola, 
de joelhos esfolados por combates em ruas sem fim.
assim era eu, 
a ouvir o trote dos cavalos de Tróia, 
depois das conquistas de terras pelo mar.

E quando a tarde convidava
ao retiro das mãos calejadas,
escutava a língua dormente de tantas fábulas,
na voz dos transístores os jogos de futebol, 
em relato animado pela cerveja,
tantos eram os exércitos de dominó
e os baralhos de cartas nuas
em naipes de vida breve, 
onde uma silhueta de fumo desfazia-se na ausência 
de um cigarro na boca e com olho esquerdo sempre a piscar,
tudo é breve quando algo nos falta,
estando para lá do ser finito, 
algures, num céu do tamanho dos afectos.

Hoje apetece-me rasgar o tempo em dois. 
Que saudades tenho dos avós quando olho para os meus pais.


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