quarta-feira, 10 de julho de 2013
Mina de São Domingos
Em flanco lunar a paisagem reclama a aridez das lagoas ácidas,
da terra vermelha irrompem crateras
de onde aparecem e desaparecem vultos rápidos
dos trabalhadores do cobre na extracção da memória.
pelos céus os andorinhões resgatam a alma dos mineiros e das famílias inglesas desaparecidas,
como é dissonante o silêncio das coisas que já não nos fazem falta;
já nem os fantasmas conseguem suster as construções abandonadas desta base
nada mais se ouve para além do pulsar em ruína,
o músculo vascular da mina já não tem suspiro para continuar.
outrora, o minério era extraído pela mão do pai e levado pelos carris até ao Pomeirão,
pela terra rude muito pão foi servido às bocas de fome e esperança
por fim, em 1966 esgotou-se o filão já com a paisagem despida de verde-amor.
hoje o filho da máquina contempla o deserto humano,
não fosse o pior mecanismo de destruição o esquecimento.
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