Por ali as pessoas deixaram de passar
já não vivem o tempo e as suas cicatrizes,
as paredes da estação do comboio são livros sem estante
suportam as fendas da solidão e a queda dos olhares.
as construções de outrora são alvo frágil das ervas e da aragem fria,
onde um grito confunde-se com uma língua vento
onde não há nomes que possam ser chamados de volta
porque as pessoas, por más ou boas que sejam, deixaram de estar.
Hoje imagino as sombras dos passageiros a sair das carruagem do comboio
os beijos e o reencontro dos amantes em abraços de almas apartadas,
as malas cheias e as mercadorias seladas e o desnível do destino,
a fuga do passado pelos carris que se estendia horizonte a dentro,
oiço as mãos da terra a amanhar trigo e o eco dos cantares alentejanos pelas planícies.
Agora que as cegonhas ocuparam a estação
e os falcões passaram a entrar e sair pelas janelas,
só as estepes suportam avalanches de memórias
de um dia em que havia pessoas para contar os dias.
Os abandonos, as solidões e as raivas surdas são mais que muitas. parabéns
ResponderEliminarObrigado Amigo. Abraço
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