terça-feira, 19 de agosto de 2025

Contos de Oscar Wilde



Aconselho a quem tenha filhos pequenos a leitura destes contos antes de dormir, ou melhor, a qualquer hora. Todos os motivos são bons para se iniciar uma leitura de um livro único como este. Como não tenho filhos, nem pequenos nem graúdos, eis o motivo do meu conselho, mas muito mal explicado. 

Ah... se fosse possível voltar atrás no tempo...

Quando era petiz, este era o livro que eu gostava que me tivessem lido na comunhão entre pais e filho. Tal não aconteceu porque na altura as posses não eram muitas para se gastar com livros. Havia outras prioridades e o tempo também era outro. Hoje tive a sorte de puder pegar neste livro e dedicar-lhe tempo. Durante 220  páginas habitei histórias fantásticas com o que o meu imaginário participou de vigília. Depois da leitura surgiu a rendição, a calma com que aceitei o final do dia e entro na esfera do irrepetível. Talvez sejam contos para crianças grandes, crianças adultas mais rabugentas do que as crianças pequenas. A leitura rejuvenesce o cérebro e convida-nos a ouvir uma outra voz - a voz que lê, a voz que embala.  Na moral o bem nem sempre vence. O que é bom. O mal é também é um participante e muitas vezes vencedor na maratona da nossa vida. Perdi-me tantas vezes no corpo destas páginas e encontrei-me em várias geografias, fazendo parte das coisas inanimadas ou de reinos improváveis. Ouvi o lamento de fantasmas honestos e foguetes a ganharem vida dentro de poças de lama. Andorinhas a atrasarem o seu voo migratório de regresso de uma missão inaudita. Um gigante egoísta que ganha o seu lugar no Paraíso. Nestas leituras, os pintarroxos e rouxinóis são obreiros de feitos incríveis. As fábulas ganham contornos verossímeis. As estátuas e as ratazanas ganham uma voz própria, tal como o vento, o granizo e a neve. As árvores envaidecidas enchem-se de crianças nos seus ramos cimeiros para celebrar a primavera. Ouvi relatos da beleza que foge do corpo de um homem e que regressa quando ele assume a humildade da finitude. Nestas páginas escutei o canto da sereia com que um homem se enamora e pelo qual é capaz de quase tudo. Comovi-me no conto onde o Amor de um filho em busca da Mãe é levado à provação máxima. Neste livro que me acompanhou em estranhas horas de longos dias, foi sempre luar azul-turquesa, porque serena é a voz que da leitura ao espelho. 






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