quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Amanhã

 




no ciclo das luas 

deixei passar os dias,

ainda há pouco ouvi-te dizer

que não conseguias dormir,

as dores laminares puxavam-te as pernas,

para um poço negro sem escada de céu.


com trisreza na voz 

e memória rouca,

falámos das proezas

dos médicos

dos anjos

dos amores

e tu dizas: "liga-me quando quiseres!"


"amanhã ligo"

dizia eu para as minhas unhas sujas

pelas crostas arrancadas ao cicatrizar,

adiava o telefonema para falar da fé, da ciência

dos remédios milagrosos por inventar.


partiste ontem.

combateste uma muralha quase intransponível, 

foste vitoriosa, imprevisível e corajosa.

como o vazio que floresce amanhã.



Para a minha Tia Edite.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Amanhã

  no ciclo das luas  deixei passar os dias, ainda há pouco ouvi-te dizer que não conseguias dormir, as dores laminares puxavam-te as pernas,...