sábado, 1 de junho de 2024

A roupa de luto

 


Dobro a roupa sideral, a tua última indumentaria feliz,

construo montanhas com peças do teu vestuário,

ordenadas por estação, na página gasta do colchão,

as mãos choram o linho que te serviu de aconchego.


eu luto e dizem-me que isto é fazer o luto!

choro pelos dias que nunca mais serão nossos, 

pelas sestas da tarde e pelos nossos incógnitos almoços,

chamo-te, grito-te, acordo-me de joelhos na realidade.


fecho a porta do teu quarto para que a roupa respire,

a luz imensamente branca, o tamanho da tua falta.

 

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