quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Desapego

 




nada possuo!

desde o sangue que faz pulsar a cabeça da casa,

até os ossos deste esqueleto que se ergue dançarino, 

tudo me será retirado no dia em que me for,

e esta lura de brinquedos será habitada por outros iludidos.


a ferrugem do meu plasma fará parte do próximo veículo voador,

as moléculas do meu fato novo e as fábulas numéricas da moeda,

farão do ouro a miséria que os exércitos perseguem diariamente,

somos todos protagonistas castrados de um pódio efémero.


verdadeiramente nada me interessa e nada me pertence!

tudo será engolido e regurgitado para um outro que virá.

para ser franco, apenas habito uma fração de tempo e átomo,

com que galanteio esta farsa até à hora do meu enterro.



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