do rés do chão aos
andares cimeiros floresce humidade
os gatos já não falam
com os fantasmas indisciplinados,
os roupões tingidos ficam dias nos estendais a adiar a morte,
as cartas das pensões amontoam-se nas caixas do correio.
das janelas fechadas fazem-se máscaras sem rosto,
dos beijos apartados às
mãos a cheirar a álcool,
toda a distância do
afecto é ampliada pelo olho de boi;
da porta espia-se a
ausência de quem desespera.
de quando em vez a luz
da escada acende-se,
as dobradiças de ferro gritam por óleo,
fecha-se o dia após 25
segundos de luz,
derramada indecentemente
no corrimão solitário.
a ambulância levou os
meus queridos vizinhos,
a contragosto, num
arrastão doentio e veloz,
nesse dia ouvi dizer:
nunca vivemos nada assim!
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