sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Por mais quantos segundos?

 



Os comprimidos vão acelerar o ritmo do sangue,

as tempestades cardíacas e as suas raízes,

amansaram as pedras silenciosas que trazes na boca,

ansioliticos coloridos acalmam as tuas fúrias contra o espelho. 


Por mais quanto tempo...

o sono ferverá no lume da manhã,

enquanto o pão enchesse de bolor e reclama pela faca,

os telefones tocam, cada um na sua vez,

e a campainha da porta afugenta o carteiro.


Deitado de rosto virado para o tecto solar,

da cabeça da cama até aos pés da praia,

a distância é curta mas tu sais.

não sei por mais quanto minutos, a casa não pede o divorcio

e vai viver com outra casa.


Na rua, sem chão, procuras uma nova vida,

quando o tempo não existe e o espaço é maleável,

tudo o que vemos é uma miragem de reflexos infinitos,

a que chamamos realidade - sofrível!


Por mais quando tempo...

continuaremos a perpetuar disparates,

a amar navios sem volta, 

faróis celestes de asa distante,

a querer voar dentro de bibliotecas em chamas?

tudo por causa de um rosto que nos alimenta a fome.


Depois disto, ainda não tenho chamadas Dele por atender.



 


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