segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Em busca das alvéolas





No segundo dia do ano partimos em direcção à Ponta da Erva para tentarmos a nossa sorte em torno das alvéolas. Logo duas, uma alvéola-citrina (Motacilla citreola) e uma alvéola-amarela-oriental (Motacilla tschutschensis). Quando entrámos no perímetro da lezíria levantaram-se do chão bandos de íbis, no mais perfeito sincronismo, perfazendo uma gigantesca nuvem negra com vontade própria. Percorridos os primeiros quilómetros observámos num talhão onde o de arroz já tinha sido colhido, um maçarico-bastardo (Tringa glareola). Um bom augúrio para o que poderia surgir. 





Duas cegonhas esperavam o desfecho daquela erupção de penas negras levado a cabo pelas íbis. Avançamos de olhos postos na berma da estrada e no adejar perpétuo das aves. Quando chegámos ao local onde tinha sido observado a alvéola-amarela-oriental, seguimos um tractor que lavrava a terra acompanhado por centenas de aves, e entre elas, uma alvéola que nos chamou atenção. Depois de fazer centenas de fotografias resfriámos os ânimos pois tratava-se de uma alvéola-branca juvenil. Fomos bem enganados pela ansiedade de encontrar a dita alvéola-amarela-oriental. A busca continuou pela terra recém-lavrada, tentando descortinar no meio de dezenas alvéolas aquela que nos faria sorrir, contudo ainda não foi desta.


Aqui está a alvéola que nos fez acreditar, por estantes, que era uma raridade. Bem vistas as coisas, ainda bem que foi engano, a luz e o sítio onde a ave andava não a favorecia nem um pouco. 


A máquina que fazia levantar asas do chão

A tentativa da garça-boeira a transformar o sapo em príncipe.
O branco que surgia da terra lavrada.


Prosseguimos a busca, seguindo para outro local onde já tinha sido observada a alvéola-citrina. Depois de se agigantarem as sombras da espera, fomos recompensados com o aparecimento da ave, fazendo justiça a todo o seu esplendor de amarelo, em malabarismos esvoaçantes entre a terra remexida e as pequenas ilhas emergentes. Só faltava luz. O sol bem podia ter espreitado para iluminar a cenário, todavia não nos podemos queixar da dádiva de sorte que poisou por debaixo destas nuvens escuras. E assim se escreve esta demanda que quando coroada de êxito até parece fácil. 


As manobras de caça da alvéola-citrina.

O equilíbrio entre duas patas e um bico.

Atenta e nunca fiando para o que poderia  a qualquer momento surgir.

Um raro momento em que parou quieta, segundos...



O video possível.


Agradecimentos:

Eu não ia lá se não fosse o excelente trabalho realizado pelos observadores de aves. Importar assim realçar que a alvéola-amarela-oriental (Motacilla tschutschensis) foi descoberta por M. Robb & P. Fernandes e a alvéola-citrina (Motacilla citreola) por Carlos Pacheco & Pedro Nicolau na Ponta da Erva em finais de 2017 inícios de 2017, respectivamente. Tal como agradecer ao meu amigo José Frade que me convidou em embarcar nesta viagem.






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