sábado, 8 de março de 2014

Vox femina





Às mulheres dedico esta luz de sábado num céu amplo sem nome,
em horas quentes de ânsia morna e naipe de sorte rainha,
de onde vos escrevo o tempo corre e com ele a curva da memória,
os livros abandonados pelo chão deixam cair restos de palavras feitas saudade,
vossas,
do vosso humor imprevisível, do amor libertador, da fuga amante de um hotel em chamas,
dos incêndios na ponta dos dedos,
da queda de mãos dadas na paixão,
na descoberta que os abismos são para descer e subir a pulso,
dos chás e dos jantares lunares vestidos nos lábios por beijos e versos ainda por abrir.

A vós dedico as ruas que não começam nem acabam,
as planícies de infinito madrugador,
os risos que se abrem em círculos perfumados de primavera anunciada,
as praias desertas e a meia lua do seio ou da ruga brinco de oiro,
pequeno instante em que o coração foi um poema por acabar.

Nestas horas de sábado reparo que as flores estão diferentes,
adquiriram uma nova cor... uma outra voz,
quando uma mulher olhou para elas e sorriu, na indecifrável essência feminina,
e talvez por isso, o sol, o beijo, a lágrima e o adeus.
valeram sempre a pena.


Sem comentários:

Enviar um comentário

M22

  Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol imaculado como uma flor ainda sem nome, há dias em que as palavras são audíveis rasgos ...