sexta-feira, 21 de março de 2025

Tempestade Martinho





 Os pássaros bem avisaram,

ao uivo da tempestade

38 anos de raízes

seriam arrancadas do chão.

 

a árvore tombou

e com ela a torre de líquenes,

as folhas em forma de barquinho

não impediram o naufrágio dos bichos.

 

aprendi a amar janelas 

com árvores de chá para além das nuvens,

hoje, cortaram em pedaços o tronco,

ramos, braços, uma lasca do meu coração.

 

junto ao caixote do lixo do bairro,

amontoaram os ramos do cadáver desprezado,

os melros vestidos a rigor piavam e piavam

até ser noite outra vez.


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