à janela
esperavas o regresso
do teu filho
(procuro-te no nosso altar)
ao sair de casa dizias
para conduzir com cuidado
"vai devagarinho - estás a ouvir?"
(não ultrapassava os 80 km/h na autoestrada)
antes de fechar a porta:
"até amanhã se Deus quiser!"
num anseio pelo regresso de outro sol
(ainda hoje oiço o teu eco)
a repetir vezes sem conta:
"nunca se sabe o dia de amanhã"
"levanta-te e ri" "qual médico, qual carapuça!"
"água e vento é meio sustento"
assim vai a ronda negra pela saudade
frases rápidas, eléctricas, instantes em avalanche,
dor que nem a memória se lembra igual.
(eu em frente à tua fotografia onde sorris)
Sem comentários:
Enviar um comentário