Aqui estou, vigilante e atento, depois da leitura Matadouro Cinco de Kurt Vonnegut. Reservo-me o direito de não gostar de livros de guerra, porém este é um livro diferente; onde o humor negro contorna os horrores da segunda guerra mundial com laivos de generosa singularidade, aquando do bombardeamento da cidade de Dresden. Esse terrível bombardeamento matou mais seres humanos do que a bomba sobre Hiroxima, a maioria civis. Por isso este livro é uma trincheira de defesa contra esta ou qualquer guerra, obrigando-nos a rir das facetas mais destrutivas do homem. Umas vezes com piada, outras nem por isso.
O nosso herói é um anti-herói e chama-se Bill. Ele não é elegante, bem-parecido, eloquente ou charmoso, por isso mesmo, assemelha-se a qualquer um erro humano desta vida. Extravagante e a bordo de um delírio de ficção-cientifica, Bill faz viagens no tempo entre 1945 e a sua juventude, intercalando com episódios da sua estadia num planeta distante, onde é exibido juntamente com uma actriz porno, num jardim zoológico para extraterrestres.
" Queima-se uma cidade inteira, e milhares e milhares de pessoas são mortas. E, depois, este soldado americano é preso nos escombros por ter roubado um bule de chá. Fazem-lhe um julgamento normal e depois é morto por um pelotão de fuzilamento."
pág.14
"Falou de ter ficado volúvel no tempo. Disse também ter sido raptado por um disco voador em 1967. O disco era originário do planeta Tralfamadore, onde o exibiam num jardim zoológico, contou. Acasalou lá com uma antiga estrela de cinema terráquea chamada Montana Wildhack "
pág.33
" Perguntou a Billy qual lhe parecia ser a pior forma de execução. Billy não tinha opinião. A resposta correcta seria a seguinte:
- Enfias um gajo preso a uma estaca num formigueiro... estás a ver? Ele está a olhar para cima, e pões-lhe mel nos tomates e na pila, e depois cortas-lhe as pálpebras para o obrigares a olhar para o sol até morrer."
pág.42
pág.42
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Estas são razões mais do que suficientes para este romance acompanhar-nos em dias quentes e darmos graças por estarmos ainda de pé. E é assim.
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