O homem que tenta suster o Alqueva com um livro,
empurra as águas prometidas para trás das costas,
quando as costas são um mapa das dores secas
e as águas, lágrimas e suor de enchentes solitárias.
Ao seu lado as árvores crescem dentro de água,
imitando a sorte dos velhos solitários
e das casas com telhado de via láctea
num murmurar de vidas em jogos em dominó.
De quando em vez, na memória da brincadeira,
ouvem-se crianças a povoar sorrisos,
o chapinhar dos pés em arpa melódica,
não é mais que uma frequência radiofónica perdida.
O homem que tenta suster o Alqueva com um livro,
em fúria, arranca todas as folhas e atira-as ao vento suão,
depois emerge no vagar do lodo inscrito das histórias
e espera que o salvem como fizeram com a terra submersa.
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