digo adeus ao fiel da estrada
que me embalou pelas escamas
afiadas na tua pele de praia.
digo adeus aos reencontros das luas,
das visitas aos museus em exposições,
de portas escancaradas ao sentimento.
despeço-me da cadeira que ocupaste
nos jantares de répteis meigos
que agora baloiça manca de uma perna,
como qualquer falência sentimental,
digna de ausência.
digo adeus ao amor fora da caixa
que não se encaixa dentro do músculo.
digo-te que partas rápido, sem olhar para trás,
enquanto tento abrir a porta da casa-cubo
que me silenciará em todas as arestas.
agora, antes do teu carro desaparecer
e a minha mão cair de adeus dormente,
conforta-me a miragem do teu eventual regresso
só não sei com que fôlego te direi "olá".
ando em círculos, descalço, neste areal carbonizado,
onde até a maré se despede da costa várias vezes por dia,
entre levantar e voltar a cair não serei o último,
e o mar disse...
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