Nem queria acreditar quando me perguntaram se gostaria de observar uma colónia de borboletas-monarcas.
A resposta não coube no contentamento de uma palavra e foi reforçada por um sorriso aberto. E lá fomos. O amigo Rui conduziu-nos por caminhos íngremes e labirínticos, descemos por terrenos complicados que puseram à prova o veículo de tracção às quatro, até chegarmos uma pequena clareira de um bosque com uma ribeira de água corrente. Após alguns passos surgiu o primeiro avistamento; a deslizar por entre a copa das árvores, voava uma borboleta monarca, desenhando no ar toda a graciosidade de um aceno de boas-vindas, para depois pousar suavemente numa folha altaneira. O ângulo para fotografar não era o melhor, contudo viver e sentir a paz daquele momento vale muito mais do que uma fotografia. Com o olhar mais treinado conseguimos vislumbrar mais 5 borboletas, conferindo um colorido edílico ao bosque e à memória.
A borboleta-monarca é uma espécie nativa do continente americano do qual realiza longas e numerosas migrações, podendo ser observada na Austrália, Nova Zelândia e pela Ásia. Por cá, a borboleta-monarca é considera uma espécie migradora, visitando os Açores e a Madeira, raramente é observada no litoral de Portugal continental. No entanto, recentemente, foi descoberta uma colónia destas borboletas residente em Vila Nova de Milfontes e de lá não migram. A sua reprodução ocorre tanto no Outono como na Primavera, curiosamente durante o verão, só se observam machos, muito embora continuem a nascer borboletas. Apesar de ser uma espécie exótica este insecto não revela comportamento invasor nem foi observado um aumento da população. A planta hospedeira é Gomphocarpus fruticosus e uma das aves que pode predar a espécie é o papa-moscas preto (Ficedula hipoleuca)
Os dados técnicos aqui apresentados resultam de um excelente estudo efectuado pelos alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves.
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