domingo, 27 de agosto de 2017

Parque Nacional Carara - Costa Rica





Em pleno mês de maio visitei alguns parques naturais da Costa Rica, eis o relato do que por lá vi. O Parque Nacional Carara está localizado  na província Puntarenas e fica a duas horas da capital San José, isto se o transito assim o permitir. Situado na zona de transição entre as florestas secas e húmidas, na região do Pacífico da Costa Rica, este é um importante laboratório de biodiversidade que serve de convergência a muitas espécies de fauna e flora. 
É considerado um dos locais mais importantes para observar aves em estado selvagem com 420 (47% ) das espécies que ocorrem na Costa Rica. De igual forma, oferece aos amantes da natureza uma variedade considerável de répteis (124), tal como, 112 espécies de mamíferos e 62 espécies de anfíbios, no meio de mais 4 centenas de plantas diferentes; ou seja uma aguarela viva em constante devir de inegável riqueza biológica. 


Quando lá chegámos o senhor da recepção informou-nos da existência de dois trilhos dentro do parque optimizados para observação da natureza - nós optámos pelo que nos oferecia mais garantias para fotografar aves. No total fizemos perto de 5 km pelos caminhos marcados no solo. A temperatura ultrapassava os 28 graus e a humidade era considerável, para além da roupa pegada ao corpo e alguns mosquitos que nos atacavam, mas nada que o repelente não combatesse; foi uma caminhada que se fez muito bem. O grau de conservação deste parque é excelente e está muito bem equipado, foi pena não haver um guia disponível para nos acompanhar na nossa incursão pelo bosque.





Eis a entrada para  o nosso percurso:


Cuidado onde pões os pés!... Os caminhos eram atravessados por centenas de formigas cortadeiras (Atta cephalotes) que na sua azáfama diária, recortavam folhas como se fossem um pedacinho de papel colorido, transportando-as heroicamente para o formigueiro.





Nada detinha as formigas cortadeiras com retalhos de uma folha colorida.



Esta foi ave que mais colaborou para a fotografia - White-whiskered Puffbird (Malacoptila panamensis)


O Great tinamou (Tinamus major) passou à nossa frente tão atarefado como se fosse atrasado para o trabalho.


Pelo agitar dos ramos, inicialmente pensávamos que seria um mamífero de grande porte, quando nos aproximámos e para nosso espanto era uma enorme Crested Guan (Penelope purpurascens)


Aos pulinhos movimentava-se o Black-hooded Antshrike (Thamnophilus bridgesi) encoberto no meio dos arbustos e com pouca luz. Aqui ou em qualquer lugar, este é  o exemplo que demonstra a dificuldade em  focar no meio de tanto ramo e raminho.  



Muitas vezes éramos obrigados a olhar para o topo das árvores porque era lá em cima que ocorria a acção. O ângulo de abordagem não era  melhor mas foi só assim que registei este Dot-winged Antwren (Microrhopias quixensis)




Bem mais compíscuo foram as muitas Rufous-naped wren (Campylorhynchus rufinucha) que ocupavam as árvores e o solo num alegre corropio.


As árvores enormes e muito altas faziam com que a luz chegasse ao solo muito filtrada;  a foto possível de um Sulphur-rumped Flycatcher (Myiobius sulphureipygius)




No meio da vegetação cerrada e junto ao solo, cirandava em busca de sementes este Orange-billed sparrow (Arremon aurantiirostris



Sempre com folhas à frente, mas neste caso o tucano-de-mandíbula-preta (Ramphastos ambiguus) ainda nos deu a possibilidade para tentar compor o quadro.





Sem dúvida alguma que esta era uma das espécies que ambicionava observar o Red-capped manakin (Ceratopipra mentalis). Uma ave pequena de cabeça vermelha a destoar do resto do ambiente, lá estava no topo do arvoredo a cantar à felicidade de quem por ali passava e nós cá em baixo e tão longe...





Parámos um pouco numa ponte que atravessava um riacho e foi nesse instante que vimos passar o White-nosed Coati (Nasua narica) de tranquilidade imperturbável.



Anfíbios não vimos muitos mas com o evoluir das horas até pareciam que nasciam do chão estas pequenas rãs pretas e verdes (Dendrobates auratus)


Ora aqui está o lagarto que corre por cima da água - Lagarto Jesus Cristo (Basiliscus basiliscus) (talvez fosse mais adequado Moisés). Todavia não tivemos a sorte de presenciar esse equilíbrio por cima das águas, quiçá por estar no meio de uma refeição de frutos vermelhos.




No video que se segue, para além de assistirmos ao lagarto Jesus Cristo a alimentar-se, fica registado o som da floresta e os seus. ecos



Quando saímos e já no parque de estacionamento, fomos recebidos por iguanas de olhar distante, usufruindo do calor do asfalto e nada preocupadas com estes portugueses que as contemplavam na sua plenitude tropical. A iguana-preta (Ctenosaura similis) pode mudar a sua coloração dependendo da temperatura corporal




Alguns momentos destes argonautas a descobrir os recantos da selva tropical e reinscrevendo as cordeadas da saudade e do volver.







Sem comentários:

Enviar um comentário

Raposa-orelhuda ou raposa-orelhas-de-morcego? Para mim raposa com orelhas de abano.

Ainda o sol  lavava o rosto com areia vermelha, já em Samburu, Quênia, o calor tornava-se impiedoso para todos os bichos. A sombra dos arbus...