Nunca tinha visto uma codorniz em liberdade. Ontem na Ponta da Erva, alheada de qualquer movimentação, fotografei este exemplar a alimentar-se calmamente na berma da estrada. Até que as máquinas fotográficas dispararam e a ave desapareceu por entre a vegetação.
Em tempos difíceis de desemprego e de poucos recursos, a minha mãe, tendo um filho pequeno para criar, aceitou um trabalho que consistia em depenar codornizes à unidade para um restaurante que servia este prato de iguaria cinegética aos seus clientes. As codornizes eram entregues de manhã a um conjunto de senhoras, e no fim do dia eram recolhidas já depenadas. Com um olhar contemplativo a minha mãe confessou que apenas depenava oito codornizes enquanto as demais "depenadoras" somavam dezenas de aves prontas para a cozinha do restaurante. Esta tarefa rendia algum dinheiro que servia de ganha-pão. Soube desta história no dia em que mostrei aos meus pais a minha primeira codorniz fotografada em estado selvagem. Hoje os tempos são diferentes mas não se esquece a dificuldades passadas pelos meus heróis.
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