Foi uma sensação única ler Lev Tolstói nestas brilhantes páginas que reflectem as escolhas e as consequências perante o julgamento de uma morte anunciada. Esta obra começa e acaba com as derivações da morte e com as interrogações sobre a vida e as oportunidades que ela nos concede.
Se me é permitido errar (porque é, e será sempre um erro) qualificar um livro; de uma forma simplista estamos perante uma obra forte, de escrita limpa e objectiva que nos leva a questionar: Será que estamos a viver a vida da melhor forma? Essa foi a pergunta que Ivan Iiicth fez, após uma queda que feriu fatalmente o rim; seguiram-se 3 meses de agonia, sofrimento e dúvidas, numa fuga pelos túneis mais escuros da alma humana.
Alguns momentos:
"A expressão que levava para a cova era a de que tinha sido o feito o que devia ser, e bem feito. E havia nela, também, uma censura, ou uma advertência, aos vivos"
pág. 11
"Forte, saudável, visivelmente apaixonada, e tão indignada com a doença, o sofrimento e a morte, um estorvo para a sua felicidade"
pág. 78
"Sentia que o seu sofrimento advinha tanto do processo de se atafulhar no buraco negro como, ainda mais, de não conseguir encontrar lá. Ora, o que o impedia de deslizar para o saco era o reconhecimento de que a sua vida tinha sido boa. Era a auto-justificação da sua vida que o agarrava, que não o deixava avançar, e isso torturava-o mais do que tudo."
pág. 94
Este livro inesquecível foi e é uma excelente companhia.
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