Em dias cinzentos a abstracção da primavera
torna a espera um local habitável,
quase não sentimos a falta dos nossos erros maiores,
nem a ausência das pessoas que nos sobrevivem diariamente.
sentimo-nos capazes de suportar o peso da lua noutra órbita.
nestes dias somos maiores que as nossas faltas
mas depois, porque há sempre um depois,
quase não sentimos a falta dos nossos erros maiores,
nem a ausência das pessoas que nos sobrevivem diariamente.
sentimo-nos capazes de suportar o peso da lua noutra órbita.
nestes dias somos maiores que as nossas faltas
mas depois, porque há sempre um depois,
fica uma porta por fechar, uma gaveta por arrumar,
uma palavra que não encaixa no terço do nosso pensamento,
um se - um longo, abjecto e curvilíneo se -
que nos conduz pelas estradas dos desertos caseiros
até ao novelo de todas as dúvidas.
temos que voltar,
no bolso, o peso das chaves de casa serve de aviso,
tudo seria diferente se hoje não tivesse saído e arrastado os pés pelo bosque,
não fosse o desespero dos abraços de mato e dos espinhos das silvas
contra o corpo que agora avança,
uma palavra que não encaixa no terço do nosso pensamento,
um se - um longo, abjecto e curvilíneo se -
que nos conduz pelas estradas dos desertos caseiros
até ao novelo de todas as dúvidas.
temos que voltar,
no bolso, o peso das chaves de casa serve de aviso,
tudo seria diferente se hoje não tivesse saído e arrastado os pés pelo bosque,
não fosse o desespero dos abraços de mato e dos espinhos das silvas
contra o corpo que agora avança,
e quase não dava pelo silencioso canto do sol.
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